Um Por Um: Lido Pimienta por Jacintho

O som que queremos ouvir por mais uma década: Ao longo do mês de novembro, o Música Pavê comemora seus dez anos no ar através de uma série especial com artistas que temos acompanhado de perto comentando outros que também amamos. Dessa forma, uma grande playlist vai sendo montada com os sons que apontam para o futuro sendo adicionados um por um.

Um é Jacintho

Do interior de São Paulo, o artista promove os mais diversos intercâmbios estéticos dentro de sua música. Seu disco Tropical Desespero (2019) passeia sem fronteiras por ritmos do Brasil e de seu entorno, optando por residir na inspiração que sopra por entre diferentes territórios sonoros ao invés de fincar suas raízes em um só território.

No Música Pavê: “Minha principal proposta é inserir o Brasil dentro desse cenário latino-americano e perceber que essa identidade só nasce através da violência e do sofrimento – o que nos une a qualquer outro povo latino é o processo de exploração e de diáspora que se passou em todos os nossos territórios da América Central pra baixo. O cenário político atual brasileiro é só um reflexo do que foi plantado há muito tempo” (Entrevista, 2019)

A outra é Lido Pimienta

Colombiana residente no Canadá, a cantora, compositora e produtora resgata a herança cultural de sua terra para cantar sobre o diálogo de sua ancestralidade com o mundo como ele é hoje. Da mesma forma, sua música combina tradição e contemporaneidade, levando o ouvinte do interior de seu país natal a um ambiente eletrônico dentro de uma mesma faixa.

No Música Pavê: “Consciente de sua potência vocal e criativa, Lido Pimienta apresenta um álbum bonito, sensível e denso. Os encontros, os conflitos e as dores ganham várias camadas – sejam elas sonoras ou visuais – do pop às experiências eletrônicas, passando pelo R&B e pela música latina. Entramos no disco com o Sol e saímos com a Lua, certos de que será necessário voltar ao início e viver as narrativas apresentadas mais algumas vezes”. (Dicas de Discos do Mês, 2020)

Lido Pimienta por Jacintho

O que Lido Pimienta tem de melhor?

Tem um timbre de voz muito peculiar, que é impossível de ouvir e não saber que se trata dela. Além disso, ela tem um jeito de colocar a melodia da voz de uma maneira muito ardilosa/manhosa, que me lembra muito os cantos árabes/moçárabes e até mesmo o flamenco. Soa como um encantamento, um jeito místico de cantar.

O que o trabalho dela te lembra?

Sem dúvidas na estética da voz me lembra sua conterrânea colombiana Li Saumet, vocalista do Bomba Estéreo, que inclusive participa de uma música no disco novo de Lido. Mas, de modo geral, Lido me leva pra esse universo da Eletrocumbia, algo místico e amazônico. Talvez pelo fato das minhas primeiras referências de Eletrocumbia terem vindo de alguns collabs da Lido, como a faixa Vestido com o argentino El Remolón.

O que os trabalhos de vocês dois têm em comum?

Acredito que o interesse e a pesquisa na música tradicional latina, mas considerando uma nova leitura, que seja pop, urbana e poética.

Como seria uma parceria entre vocês?

Seria meu sonho? (Risos) [A parceria] olharia pra esse último trabalho da Lido, principalmente para algumas faixas que eu gosto muito como No Pude e Eso que Tu Haces. E também para o que venho trabalhando, eu só acho que ia lançar a braba dos streaming (risos). Na real, o que sinto é que pairamos por esses terrenos da música latina urbana, entre a musicalidade, seja ela amazônica, ou caribenha, mas que se encontra nessas texturas eletrônicas e que busca uma estética musical peculiar nesses movimentos antropofágicos, entre o modo de criar e ressignificar. 

Curta mais da série Um Por Um no Música Pavê

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