Cinco Músicas Brasileiras Mais Bonitas de 2014

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Desde que comecei a apontar as músicas brasileiras mais bonitas de cada ano, dois critérios ficaram claros: Queria músicas em português e, principalmente, fora do óbvio – até porque “bonitas” é um termo subjetivo demais para ficarmos dentro dos lugares comuns. E é por isso também que assino com meu nome a seleção e escrevo aqui em primeira pessoa: Estas são as mais bonitas do ano para mim.

E por que elas?

As cinco compartilham algumas características essenciais. Primeiro, elas causam um impacto imediato, você logo percebe sua beleza. Depois, à medida que você ouve, elas ficam ainda mais bonitas. Além disso, elas causaram surpresa – seja por elementos dentro da própria faixa, por terem sido feitas por nomes novos ou por quem você não esperava.

Pode confiar. Estas são as Cinco Músicas Brasileiras Mais Bonitas de 2014 (sem ordem definida).

(Relembre as músicas brasileiras mais bonitas de: 2013 | 2012 |2011)

##Phill Veras – Taquicardia

A harmonia dupla de guitarra e voz deságua em um refrão com falsetes e uma atmosfera quase dançante. Isso é só o começo, só a superfície, do que a faixa oferece em quase cinco minutos. São diversos momentos para ilustrar um misto de fragilidade e autoproteção – “Não aguento mais/Não aguento mais, rapaz” – ao longo de um descontrole emocional minuciosamente investigado. Repare como aquilo que as palavras não dão conta é cantado pela guitarra.

##Rua – Ortopedia

“Se a saudade insiste em bater”, nunca há muito o que fazer a não ser permitir-se doer: “Deixe-se saudade, deixe em si saudade”. Tal como a dor, a música não para de crescer em busca de uma catarse que quase a transforma em outra faixa. Este “lado-B” da própria vem surreal, um maremoto que inunda o fundo do poço sem os clichês contra os quais prega. “As canções de amor esvaziam o amor”. Felizmente, não é o caso. Mergulhe e entenda.

##Onagra Claudique – Rosa Ferrugem

“De doce basta a vida”: Rosa Ferrugem é uma das faixas mais tímidas de Lira Auriverde, pelo menos de primeira. Como acontece com toda pessoa introspectiva, ela se abre cada vez mais à medida que vocês se relacionam – no caso, um desabafo de quem tenta se manter não só vivo, mas são, após o fim de um relacionamento. Sempre crescente, a segunda metade é de um envolvimento emocional impressionante, quase uma recompensa pra quem chega acompanha tudo até ali. Dois meses depois de seu lançamento, é impressionante como ela consegue ficar melhor cada vez que você escuta.

##João Capdeville – O Mundo Vai Girar

Pausa é um dos EPs mais bonitos do ano, sem dúvidas, e sua música central (a terceira das cinco) faz as vezes de uma espinha dorsal que converge toda a melancolia da obra ao narrar o desconforto de se conformar. “O teu sorriso ainda vai brilhar”, mas afirmar isso no momento não é fácil, nem mesmo simpático. “O tempo passa e o mundo vai girar”, mas, por enquanto, dói. Não é a faixa mais carismática do disco, porém é a que sempre vai te dar frios na barriga quando você escuta na sequência, mesmo se não estiver prestando atenção.

##Holger – Café Preto

Volta no tempo e me diz que Holger estaria entre minhas escolhas de músicas mais bonitas do ano, eu nunca iria acreditar. Mas daí veio Café Preto e surpreendeu talvez até mais do que a banda imaginava. Mais legal ainda foi descobrir que a música é sobre amizade, um amigo cantando pro outro sobre saudades, e perceber que esse tema precisa ser mais explorado em composições assim. Destaque pros versos fragmentados e o vocal quase percussivo, o que dá um drama controlado na medida certa- nem dramalhão, nem dramin.

Relembre as músicas brasileiras mais bonitas de: 2013 | 2012 |2011

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