Luana Flores Destaca suas Raízes e Inquietude Artística em “Nordeste Futurista”

Das múltiplas facetas de Luana Flores como artista na música, já tínhamos conhecimento. Mas, agora, ela se desdobra em diversas funções do audiovisual em Nordeste Futurista, filme que traz imagens às faixas do EP homônimo de 2021. No projeto, Luana assina o roteiro, a direção, o argumento, a produção executiva e o desenho de som, além de, é claro, ser a atriz principal do curta-metragem de 18 minutos.

O filme une referências da cultura popular paraibana – onde Luana nasceu – com elementos de um futuro tecnológico e virtual – aqueles que nos anos 90 imaginávamos já estar vivendo em 2022. Esta também é a concepção do próprio EP: Misturar ritmos populares com música eletrônica é algo que Flores sabe fazer muito bem.

O curta foi todo gravado na Paraíba, tanto em áreas urbanas, quanto no sertão e em territórios quilombolas, com uma equipe majoritariamente de mulheres nordestinas e participação de artistas de diversos seguimentos, fincando mais uma vez as raízes de Luana com sua produção musical e, agora, audiovisual. É um filme rico em cores e em detalhes visuais, divertido, dançante e com uma história digna de continuidade.

Para entender um pouco mais sobre o processo de criação e a execução do curta, o Música Pavê conversou com Luana Flores.

Música Pavê: Muitos artistas estão criando álbuns visuais para seus discos, o que pode ser definido como uma espécie de coletânea de videoclipes, com ligação ou sentido lógico entre eles. Você preferiu fazer um filme – verdadeiramente um curta metragem com argumento, roteiro e cenas/atos -, para contar a história do seu EP de forma visual. Qual a razão desta escolha?

Luana Flores: Na maioria das vezes, eu já faço uma música tendo uma história como mote, então a maior parte do roteiro já estava na minha cabeça desenhada, precisava trocar com outras pessoas para estruturar as ideias. Mas a ideia de realizar um filme mesmo partiu da vontade de me firmar ainda mais na estética em que estou construindo, tanto em questão de som, quanto em imagem, cores, cenários, figurinos, narrativas e territórios. Me chama muita atenção a ideia do audiovisual ser também o registro de um povo, de uma comunidade, e é muito poderoso democratizar essa linguagem para que possamos descolonizar os nossos olhares. Enquanto mulher, lésbica e nordestina, sinto que faço parte também desse movimento decolonial tanto na música quanto no audiovisual.

MP: Roteiro, direção criativa, argumento, elenco, produção executiva e desenho de som, além de, é claro, ser responsável pelas composições (letra e música), pela produção, pela mixagem e pela masterização das faixas em si. É perceptível que você tem total domínio sobre o trabalho que produz. Como foi, no caso do filme, se desdobrar em tantos papéis sem experiência real nessas funções do audiovisual?

Luana: Um grande desafio, mas, ao mesmo tempo, uma descoberta imensa das múltiplas possibilidades que consigo me identificar na arte e que provavelmente só tive a oportunidade de descobrir e me iniciar nessas linguagens porque eu mesma fui a idealizadora delas. Me lembro que, pra conseguir espaço na cena independente da minha cidade, eu mesma que tinha que produzir as festas ou até mesmo festivais, então penso muito sobre a questão do gênero também na possibilidade de estar inserida nessas múltiplas linguagens. Mas, é claro, também tem a questão de ser artista independente e ter pouco incentivo financeiro para ter uma equipe maior, para que não haja sobrecarga de funções e que eu consiga me conectar só com as partes do trabalho que me identifico mais. O fato também é que sou uma artista que gosta de estar presente em todos os processos, tenho uma identidade estética muito marcada e gosto muito de conduzir o processo também através do olhar e contribuição das outras pessoas que também se identificam com Nordeste Futurista.

MP: Eu achei os entremeios, as histórias que ligam um videoclipe ao outro, muito interessantes. E fiquei com a sensação de querer ver mais desse teu outro lado criativo. Depois desta primeira experiência no audiovisual, você planeja realizar mais produções nessa área?

Luana: Me identifiquei muito com algumas linguagens específicas do audiovisual: Direção, roteiro e desenho de som. Estou com muita vontade e super aberta de explorar esse novo momento no trabalho de outras pessoas também. Outra área que estou paquerando é a moda, ainda quero fazer um fashion movie para apresentar a coleção do Nordeste Futurista e se firmar ainda mais nessa estética visual com um olhar decolonial.

Curta mais de Luana Flores e de outras entrevistas no Música Pavê

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