terraplana Reflete Sobre o Passado em “olhar pra trás”, Seu Álbum de Estreia

foto por eduarda hipólitho

Já está no mundo o primeiro álbum cheio do quarteto curitibano terraplana. Ao Música Pavê, a banda contou sobre o processo de criação de olhar para trás, suas ideias e impressões sobre o disco e os planos a partir daqui.

O álbum de estréia é fruto de um longo período de composição que vem desde o lançamento do primeiro EP do grupo, Exílio (2017). Durante esse tempo, a pandemia acabou por adiar os planos de entrega do disco, o que fez com que algumas das músicas fossem mudadas e lapidadas com o tempo. A banda nos conta que muitas das decisões sobre a música memórias, por exemplo, foram tomadas somente no processo de gravação. 

As apresentações ao vivo que terraplana fez nesse período também contribuíram para o processo de criação do álbum. Além de permitir a construção e a manutenção de um público, elas ajudaram na percepção da própria banda sobre suas músicas. “Fazer show nos ajudou porque conseguimos tocar as músicas novas ao vivo e testar”, explica o grupo, “ver a reação da galera, ver se a gente se sente confortável tocando”.

O resultado é uma obra com composições mais maduras e com a sonoridade mais singular e mais ampla da trajetória da banda. O quarteto explica que muito do que há de novo em seu som vem de suas referências: “Temos integrado [em nossa música] elementos de post-hardcore, por exemplo, que não estavam no Exílio. E tudo isso vem de referências que temos consumido ao longo desses quatro, cinco anos”. 

A banda também garante que o novo trabalho está direcionado à criação de uma identidade mais particular e original, que tenha mais a cara da terraplana. A opção por compor todo o álbum em português, aliás, também faz parte dessa ideia de originalidade, de se construir a identidade de uma banda de shoegaze brasileira. O grupo complementa que as letras em português permitem que as pessoas absorvam as músicas de uma maneira melhor e deem sua própria interpretação sobre elas.

Ainda sobre as letras, a banda nos confirma que as faixas de olhar para trás dizem respeito a um olhar pessoal sobre si, de uma forma bem autorreflexiva. “A gente escreve em terceira pessoa, mas a ideia que a gente quis passar é da pessoa conversando com ela mesma. Tanto que a música ‘conversas’ tinha o título provisório de ‘conversas na frente do espelho’, e isso meio que traduz o álbum inteiro também”, explica a banda, fazendo a ressalva de que as letras estão sempre abertas para diferentes interpretações. 

Dá pra dizer que o processo de elaboração do primeiro álbum de terraplana também foi um exercício de olhar para trás: Observar músicas que já vinham sendo compostas desde 2018. É o caso de cais, pela qual o grupo tem um grande carinho (e nós também). Sobre essa faixa, eles contam: “Nosso traço na música é apostar em músicas sem refrão e essa música não tem refrão, não tem partes que se repetem. E, mesmo assim, todas as partes dela se encaixam. É uma música muito fluida, bem original. Ela não é só shoegaze, ela não é só post-rock. Ela é bem nossa cara. Foi uma música que foi pouco mexida na hora da produção e da gravação. Foi uma das primeiras músicas que a gente fez que a gente conseguiu saber que era bem a nossa cara. É uma música bem hipnótica, com momentos mais caóticos e outros mais calmos. A recepção dela é muito boa”. 

Ainda neste mês, a banda faz uma série de shows para promover o álbum. Também estão nos planos a gravação de live sessions e expansão da turnê por outras partes do país, além da composição de músicas novas.

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