Dicas de Discos do Mês: Julho/2022

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de julho de 2022.

Maggie Rogers – Surrender

Três anos após seu delicioso disco de estreia, Heard It in a Past Life, a cantora, compositora e produtora estadunidense chega com muito mais volume nos timbres, arranjos e (principalmente) na voz. Surrender, como ela tem dito em entrevista, tem a ver com uma rendição que é menos “desistência” e mais “aceitação” – no seu caso, a da condição de ser uma artista pop de primeira. (André Felipe de Medeiros)

Jitwam – Third

Em seus dois primeiros álbuns, o artista indiano havia explorado uma sonoridade mais gasosa, etérea, como se fossem encantamentos etílicos de um domingo à noite. Desta vez, o que vem é um envolvimento que transforma o ouvinte em um agente ativo da música: despertam-se movimentos, invocam-se os espíritos do Soul Train guardados no cantinho da personalidade, nem que seja pra dançar sozinho no quarto, o que é sempre um momento de agradável libertação. Um interessante e satisfatório passo para um artista cujo brilho grita pra ser descoberto. (Vítor Henrique Guimarães)

Montell Fish – Jamie

Além das nuances de bedroom pop por conta do processo criativo íntimo e caseiro, o disco de Fish traz elementos, como as guitarras finas, que flertam com as propostas do R&B. Em uma melancolia desesperadora e dolorosa, as músicas do álbum de estreia do artista narram, principalmente, o amor do eu-lírico por Jamie, que não é um sentimento correspondido. De uma maneira muito bem-construída, todas as faixas se complementam e expõem as angústias dessa paixão. É triste, intenso, profundo; é um diálogo com os questionamentos mais inquietantes da alma do cantor. (Isabela Guiduci)

Mauricio Pereira – Micro

O formato minimalista de voz e guitarra é uma maneira de equacionar os custos de uma turnê. Partindo dessa premissa, Pereira e o guitarrista Tonho Penhasco foram adiante: Inicialmente na turnê do álbum anterior do compositor e desaguando nesse registro que revisita canções do repertório dentro da filosofia “micro”: Minimalista em elementos, mas com coração quente e expansivo. A conexão entre os músicos maximiza a qualidade inegável das músicas desse importante artista brasileiro. (Eduardo Yukio Araujo)

Bastien Keb – Organ Recital

Dois anos depois de lançar  The Killing of Eugene Peeps, uma linda trilha sonora para um filme que não existe, o produtor britânico nos apresenta uma coletânea de músicas inspiradas em distrações escapistas do cotidiano – sirenes, alarmes de carros, o fone de alguém sentado ao seu lado no transporte público. “Transição” parece ser a palavra que costura o projeto, com faixas passam a sensação de serem interlúdios ou aquelas músicas que finalizam álbuns (outros, na oposição de intros); sempre parece que vem algo antes ou depois, o que cria uma paradoxal sensação de ansiedade prazerosa e que culmina numa última faixa definitivamente arrebatadora. Um álbum com múltiplos fins desde seu início. (Vítor Henrique Guimarães)

Viagra Boys – Cave World

Durante a maior parte da minha vida, na minha biblioteca musical, o rock quase sempre foi sinônimo de indie rock. Isso mudou drasticamente depois que conheci o punk rock do grupo Viagra Boys no ano passado, com o álbum Welfare Jazz. A banda sueca me pegou de jeito e, com o lançamento de Cave World, o meu universo no gênero só expandiu. Ironizando os negacionistas e apoiadores da extrema-direita, a banda traz um som estridente, distorcido, mas bastante melódico. (Guilherme Gurgel)

Adriano Cintra – O Palhaço

Nesse inspirado e pulsante EP, Cintra coloca todo seu arsenal de experiências como músico e compositor de bandas marcantes, produtor e indie legend pra jogar a favor das canções. Riffs galopantes e dinâmica fluida emolduram arquétipos da música indie daqui e acolá, aquele tipo de referência que junta as mãos de New Order com Guilherme Arantes. Pra melhorar esse pequeno coquetel de serotonina, os versos trazem aquela melancolia de coração partido, tornando tudo muito substancial. (Eduardo Yukio Araujo)

Bruno Berle – No Reino dos Afetos

O nome do álbum não engana: Ouvi-lo é como entrar num mundo mais gentil e cuidadoso. Essa atmosfera é construída passando por diversos caminhos; ora por beats calmos de hip hop em lo-fi, ora por um violão que flerta com o samba. Acima de tudo, o primeiro trabalho solo do artista alagoano marca pela mensagem que os esperançosos não podem esquecer: É Preciso Ter Amor. (Thaís Ferreira)

J.Lamotta – ככה שמעתי

Esse é o terceiro álbum da cantora israelense, o primeiro lançado em hebraico, o que surge como motivo de grande orgulho para ela. Dessa vez, ela se desloca um pouco do espectro entre r&b e pop acústico e brinca também com o eletropop e até com sonoridades latinas, transformando esse disco numa experiência bastante instigante e prazerosa. (Vítor Henrique Guimarães)

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