Dicas de Discos do Mês: Setembro/2025

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.
Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.
Eis as dicas de setembro de 2025.
Anavitória – claraboia
O novo disco da dupla soa como raios solares do fim de tarde atravessando as frestas. Anavitória une as vivências em canções que revelam a beleza do cotidiano, entre o carinho, a nostalgia e o amor acumulado em anos. Uma obra para ser ouvida por inteiro, em faixas e transições que dialogam. São os resquícios que passam pelas brechas da rotina fazendo-nos sentir etéreos em meio ao turbilhão. (Leticia Stradiotto)
ajuliacosta – Novo Testamento
Consistência é algo que faz parte da carreira da artista de Mogi das Cruzes. Desde o primeiro EP, a jovem tem o cuidado da elaboração criativa estar atrelada à boa produção. Dessa mesma forma, seu blend de boombap, trap e R&B é evolutivo a cada lançamento; aqui temos o melhor trabalho da carreira, aquele em que tudo soa muito coeso ao passo em que as canções ganharam uma natural complexidade lírica. Ajuliacosta não é nada básica. (Eduardo Yukio Araujo)
Fujii Kaze – Prema
Para seu terceiro álbum, o músico japonês rendeu-se à tentação de realizar uma obra praticamente toda em inglês. As nove músicas de Prema parecem um pouquinho menos autênticas do que de costume? Sim, mas o bom gosto e o pop refinadíssimo de Kaze predomina – não à toa, Hachikō salta aos ouvidos como destaque na audição, justamente a que tem refrão em japonês. Serve como porta de entrada para a discografia e a musicalidade caprichadíssimas do músico. (André Felipe de Medeiros)
Parcels – LOVED
Ah, ser amado! LOVED é suave e acolhedor, ainda que menos ousado que Day/Night. O disco transmite o conforto da permanência que é esse sentimento, sustentado por grooves e harmonias marcantes. Apesar de alguns clichês, há faixas que se destacam. Um lançamento seguro, mas que mantém Parcels com sua identidade viva. (Leticia Stradiotto)
Rodrigo Ogi + NiLL – Manual para não desaparecer
O encontro de dois hábeis MCs que sempre cuidaram muito da construção narrativa e da produção sonora: não é surpresa que este álbum curto seja repleto de ideias e caprichado nos beats. É bem importante ouvir hip hop (com temas adultos) que não cai em armadilhas simplórias; explorando o cansaço digital, relações quebradas e o pulsar pela vida e diversão, NiLL e Ogi utilizam suas qualidades peculiares para maximizar uma experiência apetitosa. (Eduardo Yukio Araujo)
eliminadorzinho – eternamente,
Tem cheiro de rock alternativo dos anos 1990 e 2000, mas nostalgia e clichê não estão presentes. O trio paulistano construiu uma reputação de energia e caos pela pegada dos seus shows e, neste belíssimo álbum, a dinâmica instrumental funciona como catalisadora emocional – afinal, um disco sobre o amor não pode ser monótono. Chama a atenção o cuidado com os timbres e as letras, que fogem do melodramático e dão lugar a um tom divertido. (Eduardo Yukio Araujo)
Uyara Torrente – Gostosa
Três músicas deliciosas compõem este lançamento, que a cantora trabalha na carreira em paralelo ao que realiza com A Banda Mais Bonita da Cidade. Gostosa apresenta a voz que conhecemos no grupo em uma proposta sonora que expande o que ela apresentou no álbum Montada em Seu Cabelo, com uma estética muito interessante e bem equilibrada entre a palavra cantada e a ambientação volumosa. (André Felipe de Medeiros)