Dicas de Discos do Mês: Janeiro/25

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de janeiro de 2024.

BaianaSystem – O Mundo Dá Voltas

Enquanto os ouvidos brasileiros se voltam ao novo disco de Bad Bunny por exaltar a história de seu país, BaianaSystem lança um álbum que deveria ter o mesmo holofote. Tem participações para todos os gostos, do funk de Anitta ao chorinho de Pretinho da Serrinha, traduzindo o que é Brasil. Seja para o mal, trazendo críticas ao que acontece por aqui com suas letras afiadas, seja para o bem, entregando nossa preciosa diversidade sonora. Já é um dos melhores discos de 2025. (Lucas Bosso)

Bad Bunny – Debí Tirar Más Fotos

Em seu novo álbum, o incansável artista porto-riquenho traz uma visão sobre identidade, ao mesmo tempo em que expande seus horizontes sonoros. Preocupado em não perder suas raízes e usando ferramentas emocionais nas letras, o compositor inclui tradições musicais de Porto Rico ao seu reggaeton para entregar um pop moderno e cativante. Hábil em tecer crônicas nostálgicas, dessa vez o convite à dança acompanha lágrimas em um baile inesquecível. (Eduardo Yukio Araujo)

Anna B Savage – You & i are Earth

Os acordes voltaram a se alinhar para sublinhar o talento da cantora inglesa. Digo “voltaram” porque, desde seu contundente EP de estreia (EP, lançado em 2015), ela não lançava um trabalho tão integralmente consistente. E, além de acordes suaves, há aqui letras intimistas, versos bastante singelos, há histórias e cenas muito bonitas sendo pintadas, e o ápice performático de sua voz. Pra quem gosta da “tag” singer-songwriter, é uma ótima pedida. (Vítor Henrique Guimarães)

FKA twigs – Eusexua

Descrito pela própria FKA como “sensação quando você dança a noite toda e perde sete horas com música”, Eusexua é uma bela surpresa dentro do dance. Se Charli XCX brilhou em 2024 com a pura música de club, FKA passeia entre o desconfortável e o mais palatável do gênero musical – é como se um encontrasse o outro através de suas letras, artifícios e melodias (e até uma North West cantando em japonês). É um estranho dançante, como se uma trilha sonora de A Substância encontrasse a Madonna anos 90. (Giovana Bonfim)

Rose Gray – Louder, Please

O meme “algum dia eu vou dar muito orgulho pra essa velha” certamente se aplica ao debute da cantora inglesa de 28 anos ao se referir (hipoteticamente) ao álbum Fever, lançado pela australiana Kylie Minogue lá em 2001. É um pop-dance ora fritado, ora romântico, e sempre muito envolvente e bem produzido, que faz em 2025 o mesmo que Kylie fez há mais de vinte anos: Dá um sopro, uma sobrevida, apresenta outras cores para além do verde brat. Um disco que é, sobretudo, muito divertido. (Vítor Henrique Guimarães)

Paige – Esse É Meu Mundo

Verão, festa e sonhos são as melhores palavras para descrever o primeiro álbum da cantora pop mineira Paige. Esse É Meu Mundo traz músicas dançantes e aventuras amorosas que remetem a uma viagem divertida a um paraíso tropical, como nas canções Água de coco e Muy linda. Além disso, as músicas também apresentam os sonhos, as ambições e a origem da cantora, em faixas mais reflexivas como Sonhos e 98′. (Clara Portilho)

Rei Lacoste – O Que Você Ouve / O Que Houve Com Você

Uma mixtape de respeito que faz jus à proposta do artista: Ser um muito de tudo (em todo lugar, ao mesmo tempo). Cabe reggaeton e afrobeat, tem trap e future bass. Tem Juçara Marçal, Bebé e Giovani Cidreira, entre tantos outros. Tem faixas já lançadas e várias inéditas. Acima de tudo, tem Rei Lacoste argumentando a seu favor pela qualidade do som e pela síntese do que é a música nesse meio de década: Um apanhado livre de inspirações, referências e afetos. (André Felipe de Medeiros)

Miramar – Entre Tus Flores

Uma mistura de Chile, Porto Rico, Brasil e Cuba saindo diretamente dos EUA, com boleros quentinhos, deliciosos e apaixonados, no ponto certo para tocar de fundo enquanto dança agarradinho com o broto num fim de tarde de domingo, pós-término do jogo do teu time num campeonato do qual você nem liga tanto – porque o que importa é ali, a dança, o momento. (Vítor Henrique Guimarães)

PulciPerla – Tatekieto

Pulciperla é a fusão da banda francesa Picinella e do power trio colombiano La Perla. Dessa fusão, você sente (no sentido sensorial da palavra) as vibrações de uma fanfarra jazz do baroque pop se chocando com o rap, cumbia e currulao colombianos em momentos de tensão muito bem construídos, nos quais o alívio dessa tensão chegam carregados de real prazer (ainda no sentido sensorial da palavra). (Vítor Henrique Guimarães)

Mogwai – The Bad Fire

O décimo primeiro álbum da banda escocesa foi criado em meio a turbulências pessoais de seus integrantes, mas a sonoridade do disco é ampla, variada e solar. Explorando o terreno que domina, o quarteto se sente confortável em adicionar camadas sonoras que ampliam o pós rock: Acenos ao shoegaze e sintetizadores mais presentes fazem as canções soarem vívidas, embora uma sensação nostálgica permeie o trabalho. (Eduardo Yukio Araujo)

Menores Atos – FIM DO MUNDO

Fim do Mundo traz a melhor fase da banda: A nova. O que mais sobressai nesta obra é a maturidade, em métricas mais encaixadas das de seus registros anteriores, e também melodias mais trabalhadas. Fim do Mundo é a maior empreitada da banda, e mostra desde já chances de figurar nas listas de melhores de 2025. Destaque para: pronto pra sumir e tudo no mesmo lugar. (Lucas Bosso)

Marcelo D2 Manual Prático do Novo Samba Tradicional, Vol. 2: Tia Darci

Vinte minutinhos daquele D2 sambista que tanto curtimos: Eis o segundo trabalho da pesquisa sonora que o artista faz em paralelo à carreira com Planet Hemp. Há espaço para os samples e beats da música de hoje, mas é o passado, a tradição e o legado que cantam (e batucam) mais alto em um disco de alto teor familiar já em seu título. (André Felipe de Medeiros)

BK’ – Diamantes, Lágrimas e Rostos Para Esquecer

Acho muito difícil chegarmos ao fim do ano e não lembrarmos do álbum de Abebe na lista dos mais relevantes de 2025 – parte pela qualidade de sua produção, parte pelo burburinho que gerou nas redes sociais. No que diz respeito à primeira, é de se notar como as músicas interpoladas/sampleadas realmente se integram à música de uma forma diferenciada. Elas fazem parte da narrativa num nível mais profundo, simbiótico, como se feitas para essas novas faixas. Tematicamente, mesmo insistindo em uma imagem durona, BK’ articula ideias e canetadas em uma qualidade poucas vezes vista em seus trabalhos anteriores. É um álbum cuja própria digestão demanda tempo. (Vítor Henrique Guimarães)

The Weeknd – Hurry Up Tomorrow

A odisseia do artista atormentado: Hurry Up Tomorrow fecha a trilogia musical composta por After Hours e Dawn Fm falando da busca da redenção de um cantor preso em seus vícios e a esperança de ser imortalizado pela sua música. Para aqueles atraídos por discos com grandes narrativas, este é uma excelente experiência auditiva, mesmo não surpreendendo tanto musicalmente. The Weeknd traz referências dos anos 80, usando e abusando dos sintetizadores, e faixas com clara influência vocal e rítmica do R&B. O álbum conta com convidados ilustres como Travis Scott, Anitta e Lana Del Rey, e terá uma adaptação cinematográfica planejada para este ano. (Clara Portilho)

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