Bastille em Três Clipes
(Curta mais da série 2014 Define no Música Pavê)
Nesta retrospectiva magnífica do Música Pavê, Bastille foi mais uma banda escolhida para ganhar um dia no site, no qual contaremos um pouco sobre sua história e faremos breves análises dos clipes mais assistidos na Internet.
Os ingleses parecem ter chegado ao Brasil para definitivamente ganhar o novo posto de “queridinhos do indie pop”. Até alguns anos, este título cabia a Foster the People e agora está entre Imagine Dragons e Bastille. Não há como negar que a banda produz um som empolgante, feito por músicos altamente competentes, que tem o domínio das técnicas na ponta da língua, literalmente. Chamo sempre a atenção para as dobradinhas de vozes entre os quatro integrantes: a vocalização ali colocada é impressionante.
Mas estamos aqui para analisar a videografia do grupo. Separei os três clipes mais assistidos no YouTube e que, consequentemente, são os hits mais aclamados.
##Pompeii
Uma música que alavancou a banda sem dúvidas foi Pompeii. Ela alcançou a segunda posição das músicas mais ouvidas nas rádios britânicas e já tem quase 165 milhões de visualizações no YouTube. Aliás, o nome por si só já chama a atenção. Pompeii – ou Pompeia em português -, para quem não sabe, foi uma cidade do Império Romano e que, segundo a lenda, foi devastada pela erupção do vulcão Vesúvio (entretanto, há historiadores que afirmam categoricamente que não houve nem se quer uma erupção na cidade). Hoje, o local é patrimônio mundial da UNESCO e recebe visitas adoidadas.
Pompeii recebe uma carga dupla de significado, porque ela traz um contexto histórico e, ao mesmo tempo, carrega interpretações sobre nossa visão otimista sobre as coisas. “Se você fechar os olhos, não parece que nada mudou?”. É muito clara a falta de sinergia de Dan Smith (vocalista) com as câmeras, ele não é um ator at all. A interpretação dele é muito fraca, o que contribui para um vídeo “mais do mesmo”. O enredo conta sobre esta cidade fantasma, onde todos estão mortos. Smith tenta fugir da cidade, pois não há nada para fazer – é solitária, desinteressante e “possuída” por energias desconhecidas.
Contudo, mesmo fugindo, a cidade não sai de dentro dele e, no fim, ele também acaba possuído. Numa entrevista não tão recente, Dan Smith conta que ele se baseou na história da antiga cidade Romana, onde os corpos lá achados foram encontrados com elementos desconhecidos no corpo, talvez por terem ingerido muita fumaça durante a erupção. A letra toda é uma conversa fictícia entre duas pessoas que viviam em Pompeii naquela época. O clipe só mostra a visão de uma delas.
##Things We Lost in the Fire
Com quase 30 milhões de visualizações na Web, na minha humilde opinião, aqui temos a melhor canção de Bastille. Things We Lost in the Fire também faz parte do primeiro CD e a letra, mais uma vez, é sobre perdas, desastres e separações. Eu tenho um pouco de receio de encontrar Dan Smith, ele deve um cara bem complicado.
O clipe deste som possui uma produção maior do que Pompeii. Temos atores, atrizes e cenários bem mais elaborados. Como estamos falando de uma perda, seja física, seja espiritual, o vídeo é bem dramático e obscuro. A narrativa está em torno de um sonho, cheio de simbolismos, em que não há fogo, porém apenas takes que nos remetem aos filmes do David Lynch (até acho que li esta menção uma vez em algum site, mas ok, prossigamos). Eu digo isso porque Dan Smith já disse repetitivamente que é fã demais de Lynch, tanto que lançou um EP intitulado Laura Palmer – homenagem à série Twin Peaks. O enredo é difícil de dizer, porque o personagem ali inserido está envolvido em tramas complexas: morte? Assassinato? Perda? Enfim, vale a pena assistir e dar sua própria interpretação ao caso, como o próprio vocalista sugere.
##Of the Night
Terceiro vídeo mais visto no YouTube da banda, a canção mais tocada de todos os tempos nas baladas “retrô” e pelas bandas novas de indie pop, The Rhythm of the Night, da banda italiana Corona, ganhou uma nova roupagem na versão dos britânicos com o novo nome de Of the Night, porém, com transição incrível para a música The Rhythm is a Dancer dos alemães Snap!’s. O curioso desta música é que ela só surgiu para a banda porque o depressivo e misterioso Dan Smith (brincadeirinha) ficou doente quando o grupo assinou o primeiro contrato. Como ele não podia gravar a voz, eles pegaram umas mixtapes velhas da época em que Bastille gravava em estúdios semiprofissionais e fizeram uma montagem bem divertida, que resultou nesta canção. Esta sim foi o primeiro single a estourar, colocando o nome do grupo nas rádios, TVs e Internet.
O clipe, pra variar, é mais uma produção à la David Lynch com requintes de David Fincher, afinal, a trama é explicitamente sobre morte desta vez. O ator protagonista é o famoso James Russo (Django Livre e Donnie Brasco). Dezenas de jovens são encontrados mortos numa casa onde, supostamente, estava ocorrendo uma festa. O detetive em questão entra na cena do crime e se depara com a situação calamitosa do local. Os únicos vivos são os integrantes do grupo, presos imediatamente por estarem supostamente envolvidos no crime. O detetive entra em estado de pânico, imagina situações, tem ilusões, e ao final… aparece com a roupa cheia de sangue. Seria ele o criminoso? Deixamos para os telespectadores tirarem suas conclusões.
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