“INVentário” Prova que Fresno É o “Norvana” Dessa Geração

foto por camila cornelsen

“Eu desafio as pessoas a encontrarem uma banda que tenha basicamente todo o seu material lançado”, disse Lucas Silveira em determinado momento de uma conversa com o Música Pavê, e continua: “Não existe nada da Fresno que não tenha sido lançado”. No caso, ele se referia ao lançamento da mixtape INVentário, que vem sendo apresentada ao público aos poucos, com duas novas faixas lançadas hoje (20) – uma delas em parceria com Jup do Bairro.

Lucas e seus companheiros Gustavo Mantovani (Vavo) e Thiago Guerra explicaram ao site que o novo projeto chega para continuar cumprindo a tradição da banda de não deixar nada guardado, mas compartilhar com o público suas demos (como o hoje histórico EP O Acaso do Erro, de 2001, que era vendido em seus shows na época) e faixas que ficaram de fora dos discos. “A gente tem toda essa adolescência nossa lançada”, comenta o vocalista, “as pessoas conhecem tudo, desde um punk rock juvenil pra caralho sobre a mina que não queria ficar comigo até ‘ah, vamos fazer uma sinfonia aqui de dez minutos e gastar todo o dinheiro que existe para gravar com uma orquestra de verdade’”.

INVentário traz, nas palavras de Lucas, “músicas que a gente fez em uma entressafra de álbuns [e outras] que a gente vinha fazendo e encontrou lugar pra elas agora”, todas muito diferentes entre si e organizadas como se fosse um DJ-set – ou mixtape, mesmo. “Cada faixa é uma surpresa”, conta Vavo, “a pessoa não sabe o que vai vir depois, e não sabe quando vai acabar, inclusive. Não sabia que ia começar, não sabe nem que dia vai ter música nova, porque não segue nenhum padrão de intervalo de dias e pode vir sempre uma surpresa”.

E Veja Só, a faixa com Jup, veio acompanhada de Asma, faixa que Lucas tinha feito em seu projeto Visconde há anos e que recebe agora um tratamento “Fresno 2021”. A banda comenta que ela era uma música que já se parecia com os lo-fi como os de hoje em dia, “mas com uma letra triste demais para [você ouvir estudando]”, brinca Lucas. Ambas as faixas dão conta do potencial criativo do grupo, que está sempre em transformação e em busca de desafios.

“Essa evolução natural das coisas, que faz com que as músicas acabem às vezes tomando uma cara diferente, eu acho que isso é essencial pra manter o fã preso a uma banda por tanto tempo assim”, conta Vavo, “se a gente fizesse uma música exatamente igual às do primeiro disco hoje, nenhum fã estaria curioso pra saber qual seria o próximo álbum”.

Mais do que mostrar como Fresno nunca parou no tempo, as (até agora) onze faixas de INVentário apresentam estéticas e sonoridades que surgem a partir das parcerias presentes na obra, como a já mencionada Jup e também a melancólica Terno Rei. “A gente percebeu que a geração que veio depois [da Fresno] é de [artistas que foram] adolescentes emos”, conta Lucas, “e a gente sempre prezou por ter uma relação e gostar de todo mundo”. “A intenção é ser o Norvana“, brinca ele.

Toda a conversa com Lucas, Vavo e Guerra poderá ser ouvida nesta quarta, 22, no Podcast Música Pavê.

Curta mais de Fresno e outras entrevistas no Música Pavê

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