Como Gostar Ainda Mais de Música (Agora É Sério)
Se você achou meu último artigo sobre Como Gostar (ainda mais) de Música muito básico, – mas já enviou para aquelas suas tias chatas que querem te convencer a assistir Faustão no domingo e até para os namorados infames que não entendem seu gosto por música -, prepare-se para sentir o chacoalhão que eu pretendo te dar agora:
##Você não sabe nada – nem eu
Seus ouvidos são muito melhores em saber do que você gosta do que seu juízo racional. Deixe que sejam expostos sem preconceito a tudo e qualquer coisa. Pode ser que seu corpo resolva dançar involuntariamente. Quando você perceber, já vai estar envolvido. Mas não vale olhar pra quem está cantando e pensar “Não gosto disso”, ou deixar-se influenciar pela capa do disco. Sabe, The Beatles tem um álbum inteiro branco – e só. E é um dos melhores discos de todos os tempos. Lembre disso quando achar que as aparências podem te afastar de boa música. Até funk pancadão tem o seu momento de glória. Sem preconceitos! É mais ou menos o “experimente coisas novas” que você já conhece, com uma pitada de “seja o que Deus quiser”.
##Cantarole tudo
Sabe aquilo que eu disse sobre como cantar a música faz você prestar mais atenção a coisas que antes você poderia não ter notado? Esquece! Tenho um desafio bem melhor para você que acha que estava fácil demais. Cantarole a melodia. Isso mesmo. Ao invés de cantar a letra, tente cantar as notas da melodia, faça o som da percussão com a boca, teste a sua capacidade de perceber e reproduzir notas sem palavras.
Esse cara aí faz muito isso. Fica a dica.
##Cante letras que não querem dizer nada com nada
Tá muito difícil o item anterior? Tudo bem, você não é o Jimmy Page para sair por aí solfejando de primeira. Mas você pode começar com aquelas músicas do tipo Têteteretere-teteteretere-tetetereteretêêê…
Essas letras que parecem não dizer nada com nada dizem muito, porque mostram como a música não depende de palavras. A música permite, assim, que a linguagem extravase a necessidade de formular frases e possa explodir em sons falados sem significado formal da língua. (Não fui eu que disse – foi o Francisco Bosco).
##Gostou? Ouça de novo.
Não, eu não quero que você coloque a faixa no repeat. Embora isso possa ser extremamente divertido e viciante, pode ser um pouco nauseante também. Tenho uma proposta diferente: ouça quinhentas versões diferentes da mesma música sensacional.
Gostou do Led Zep ali em cima com Since I’ve Been Loving you? Então ouve agora a versão da Corine Balley Rae para babar só um pouquinho.
Quem faz isso com maestria – covers completamente diferentes de músicas ótimas, mas com identidade e um som delicioso é o Nouvelle Vague.
##Apenas aproveite
Ninguém suporta um sabe-tudo. Não seja um. Você deve estar menos preocupado em manjar horrores de música do que em se divertir quando faz tudo isso que eu venho sugerindo. Não tenha o propósito de ser o Google. Tenha a motivação de saber que você está expandindo seus ouvidos – literalmente. A de saber que eles terão um alcance maior, o que vai proporcionar ainda mais prazer no ato de escutar música.
Boa sorte nas suas experimentações! E até a próxima.
(Leia o artigo que originou este, Como Gostar (Ainda Mais) de Música)