Cellardoor faz registros temporais e pictóricos em seu som

Meia hora conversando com André Graciotti, o nome por trás do Cellardoor, me deu a segurança de abrir mão da tentativa (que certamente seria frustrada) de definir seu som em poucas palavras, usando aquele vocabulário de sempre. A sonoridade densa consegue ser coesa mesmo com a diversidade de elementos em que se inspira.

E olha que a lista de influências é grande. Em seu MySpace, estão listados nomes desde Sigur Rós até Kanye West, passando por Sufjan Stevens, Portishead, Arcade Fire, Depeche Mode, Radiohead e The Smiths, até chegar em Stanley Kubrick e Michel Gondry – “e caberia fácil outros diretores, compositores de trilhas de filmes e games”, diz ele. “Os filmes deles tiveram muito impacto em algum momento da minha vida e me identifico com a proposta criativa deles…então é sempre uma influência sim, porque música também é imagem; cenas e imagens fazem parte do meu processo de composição”.

E isso não é nada estranho vindo de um publicitário que estudou Imagens e Culturas Midiáticas e trabalha como designer. Seus álbuns, com propostas bem diferentes um do outro, são produtos completos em seus próprios conceitos, “uma arte morta”, como ele mesmo diz, “jamais faria uma música ‘solta’, não tem sentido pra mim”.

“O Prose Fiction era uma experimentação post-rock, de climas e músicas bem melancólicas, a maioria instrumental; Já o Rites of Passage veio numa época em que eu ouvia muita coisa rítmica, queria experimentar com ritmo e peso, aí teve mais guitarras e música eletrônica; E o Palimpsest foi uma coisa de composição mais tradicional, com vocais, versos e refrões definidos e violões, que eu nunca tinha usado antes”.

O que os três discos tem em comum também é serem um registro do tempo em que foram feitos. “Eu gosto de ver o álbum como a síntese criativa de um período, sabe? É muito mais desafiador”. Para sua quarta produção, André decidiu adotar um ritmo de trabalho um pouco mais lento do que nos outros discos, o que somado a uma recente viagem à Europa, traz novas inspirações e experiência ao seu som.

Ouvir essas músicas trazem várias imagens à mente por si só, mas vale a pena conferir estes vídeos para ver as imagens que oficialmente ilustram estas duas canções. YY foi dirigido e editado pelo próprio André e por Fernando Sciarra, com planos que esse último fez durante uma viagem ao México, enquanto Bloom of Youth foi feito pelo fotógrafo Roberto Seba.

YY

Bloom of Youth

Conheça mais do Cellardoor em seu MySpace oficial, onde há links para baixar todos os discos gratuitamente.

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