“Wallace” é o disco “mais completo que já fiz”, diz Paes

foto por isabela yu

Ao falar sobre seu Wallace, que chega hoje (04) às plataformas, o pernambucano Paes comenta que ele é o disco “mais completo que já fiz, em conceito, estética e visual”. Dono de uma discografia considerável (é seu sexto lançamento em doze anos de carreira), o músico, em conversa com o Música Pavê por telefone, transparece que o feito vem da maturidade não só de fazer música, mas de escolher com quem trabalha.

São pouquíssimos os nomes presentes na ficha técnica. Mesmo nas composições, Wallace traz faixas de Marcelo Campello, José Duarte e duas co-escritas com Benke Ferraz (Boogarins), que assina também a produção do disco. “É muito confortável quando as coisas acontecem em uma relação de amizade”, conta ele, “tudo aconteceu em um ambiente muito familiar, o que deu essa vibe muito pessoal que o disco tem”.

Eu queria uma formação nova”, diz Paes, “o anterior era mais banda, queria sair dessa e ir para uma coisa mais minimalista, uma informação reduzida”. Ele e Benke gravaram tudo sozinhos durante dois dias em uma residência artística no Glândula Lab (Gravatá, PE). “Tudo aconteceu muito naturalmente, desde o momento em que nos reunimos pela primeira vez e já começamos a ensaiar”, conta ele, “eu queria alguém que tivesse uma visão bem completa do que é fazer música e que entendesse essa estética vintage e lo-fi. Já o vinha paquerando há algum tempo e, quando comecei a trabalhar no disco novo, quis chamá-lo para a produção”.

O próprio nome Wallace veio de uma brincadeira entre os dois, a partir da música 4Paredes – “four walls” em inglês, que logo virou “for Wallace” nas conversas entre os dois. “É o meu Ziggy Stardust, um alter ego que não criei para me esconder de algum tipo de análise ou crítica, mas para poder concentrar tudo o que falo sobre a contemporaneidade nessa figura”, explica Paes, “ele representa o homem comum que vive nesse modelo capitalista de relações modernas, virtuais, com todos esses problemas que a gente tá vivendo, de correria, de trabalho, de grana, de cobrança, de pressão, fora todo esse contexto sócio-político foda, que deriva em depressão, ansiedade e pânico”.

Isso começou a ser comunicado já a partir da capa do disco. “Esse imaginário visual do Wallace dentro do quarto com o celular na mão é uma coisa muito contemporânea”, conta o músico, “isso de estar conectado com muitas pessoas, mas se sentindo sozinho”. Esse conteúdo que sintetiza a realidade que observamos, atrelado à ambientação familiar de uma obra feita entre amigos, veio a favor do conceito de pessoalidade que Paes queria para a obra. “Queria uma vibe de diálogo direto”, conta ele, “como uma carta, ou um telefonema com melhor amigo, namorada ou namorado”.

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