Tagua Tagua Construiu “Raio” Especialmente Para o Palco

Quanto Tanto saiu em 2023, Tagua Tagua precisou se perguntar, diante do clima intimista e romântico do disco: “E agora, como é que eu vou tocar isso ao vivo?”. Dois anos depois, Felipe Puperi apresentou ao mundo seu terceiro álbum, Raio, feito sob medida para ser levado aos palcos – como o do Cine Joia, em São Paulo, onde o músico se apresenta neste sábado (16) em noite com Bruno Berle.

“Eu tive que acelerar as músicas de Tanto para elas caberem no show”, contou ele ao Música Pavê, “o começo da turnê foi legal, porque as músicas eram novas, mas, entre 2023 e 2024, comecei a ter essa guinada de ‘cara, eu queria que o show tivesse uma euforia’. É louco, porque Tagua Tagua sempre teve isso – um solo fritação de guitarra em uma parte, um pouco mais rock psicodélico -, mas nunca foi dançante. E eu vinha escutando coisas assim no último ano e meio, curtindo e querendo ver esse tipo de show”.

Raio tem temática um pouco mais solar, no sentido não só musical, mas das letras. Mesmo falando de uma relação, quer tratar com uma leveza menos poética e íntima, um pouco mais solto. Ele foi feito para curtir. O cara acordou, o dia tá bonito, ele vai correr com essa música, fazer academia, um café da manhã animado, vai botar de noite para uma pré-baladinha… mas é menos ‘eu sozinho com o meu disco’ [como Tanto]”.

Para Felipe, Raio está na metade do caminho entre o intimismo romântico de Tanto e sua estreia em Inteiro Metade (2020) – uma obra que, em suas palavras, tem “a coisa eufórica de um primeiro álbum, no qual se quer colocar muita coisa no mesmo lugar. As músicas variam muitos climas dentro do disco, até por isso ele chama Inteiro Metade, essa super vontade de expressar tudo e também essa coisa mais reclusa, dos sentimentos para dentro. Tanto não, é bem sentimento. Mirei em uma coisa mais sexy, com soul, mas acertei em algo mais romântico, porque ele é bem para dentro, passional, íntimo”.

Este terceiro álbum chega até nós como um diálogo, ou uma resposta, ao seu anterior. “A primeira música (Dia de Sol) faz a conexão com Tanto, para não ser uma coisa abrupta, tipo começar com Let It Go e a pessoa pensar ‘caraca, que loucura é essa?’”, brinca Felipe, “até porque eu sempre imagino o disco como um vinil, uma construção. É mais legal ir criando essa narrativa para o cara chegar lá. As pontas do disco têm suas ideias de fazer ligações, mas o meião do disco, não. Talvez essa seja a única diferença em relação a Tanto, nessa ideia de ouvir do início ao fim, porque acho que ele é uma coisa só. Vejo que preparei Raio com uma primeira música como introdução, aí passa por tudo aquilo que ele é e, no final, a música entrega uma outra possibilidade, que pode ser algum link com Inteiro Metade, não sei, um pouco mais introspectiva, com um soprinho de melancolia – ou, mais do que isso, nostalgia”.

A identidade sonora do álbum, sua personalidade própria em relação aos antecessores, veio de um intenso processo “fruto da minha maturidade como compositor e produtor”, conta Felipe, “me senti à vontade de fazer um álbum assim, diferente do que eu vinha fazendo antes, apesar de ter a minha cara ali. Mas eu precisava estar seguro para poder fazer uma música como Let It Go“.

“Eu sou um pouco inquieto, gosto de estímulos novos. Não quero fazer um disco igualzinho ao outro, repetir fórmula. Gosto de descobrir alguma coisa nova que mexe comigo, aí fico extremamente eufórico e quero mais daquilo, poder fazer um disco solar sem ser bobinho, dançante sem ser pastelão, com embasamento. Ele não tem só uma levada, tem vários tipos de levada, só que tudo é mais aberto e solar”.

Ele teve uma primeira amostra se Raio cumpriria sua função nos palcos antes mesmo do seu lançamento, quando Lado a Lado, já lançada como single, foi apresentada em seu show no Lollapalooza Brasil. “A música era rápida, e tínhamos que sair correndo atrás dela para tocar como ela era”, relembra ele, “ela já nasceu rápida, não tem como acelerar mais. Agora, temos a tendência de tocá-la mais lenta”.

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