Produtor Congee Mostra Sua Identidade como Indivíduo e como Artista em “Kwong”

foto por filmawi

Sam Tsang possui um portfólio como produtor que traz trabalhos com Ed Sheeran, Sigrid e Griff, e agora leva seu talento musical às plataformas de streaming com um projeto solo autoral, batizado como Congee.

Tão simpático quanto tímido, o artista londrino sentou com o Música Pavê para conversar sobre o que está por trás de seu recém-lançado primeiro EP, Kwong, que resume em seis faixas um pouco da estética que ele gosta de trabalhar e também dos temas que o compõem enquanto indivíduo.

Música Pavê: Como é para você ganhar os holofotes depois de estar nos bastidores fazendo o trabalho sujo por tanto tempo?

Congee: (Risos) Eu ainda estou fazendo o trabalho sujo! Para ser honesto, tudo isso aconteceu durante a pandemia, então eu tive muito tempo para produzir outros artistas e também para pensar no quanto isso era algo que eu queria para mim também.

MP: Esta posição em que você está é interessante, porque você é um novato como artista, mas já possui experiência na área. O que você acha que tem em sua vantagem e o que ainda te falta como profissional?

Congee: Acho que o que mais aprendi ao trabalhar com outras pessoas é que sempre há um novo jeito de se trabalhar, cada um faz do seu jeito. Poder trazer isso para minha música foi importante, porque se eu fico entediado com a forma com que produzo, lembro que posso tentar fazer de outro jeito. Acho que o que ainda me falta… eu ainda sou muito perfeccionista. Eu tenho uma ideia, produzo e gosto, mas logo em seguida mudo de ideia e acho que ela não está boa o suficiente (risos). Estou aprendendo que a melhor maneira de lidar com isso é continuar produzindo ao invés de ficar pensando em como as coisas deveriam ser, ao invés de produzir. Não ser muito preciosista, sabe?

MP: Como você sabe sobre o que cantar, agora que produz seu trabalho solo?

Congee: Durante o isolamento na pandemia, tive muito tempo para pensar em… tudo, assim com todo mundo. Muitas das ideias que me vieram à mente enquanto estava isolado com minha família foram sobre a maneira que eu fui criado, sendo chinês na Inglaterra. Isso influenciou muito do processo de composição.

MP: Sim, ouço muita gente falando que pensou muito em sua própria identidade durante o isolamento, e é interessante como seu disco começa com uma música chamada This Is Me (“esse sou eu”).

Congee: Sim, acho que foi minha maneira de ser o mais claro possível. Quando eu era mais novo, eu me preocupava muito em não querer ser diferente, eu não queria me destacar muito, tentava me enquadrar o melhor possível, porque ninguém na minha região se parecia comigo. Acho que, com a idade, estou mais à vontade com quem eu sou, e achei importante colocar essas ideias em uma música.

MP: O que você acha que você tem de mais único, mais particular?

Congee: A maneira com que eu fui criado foi muito diferente dos outros ao meu redor, eu era o único chinês por aqui, então sempre me senti muito diferente mesmo. É interessante pensar também que eu não cresci cercado por música, minha família nunca se interessou muito em ouvir música. Isso também faz com que todo meu processo pareça diferente dos outros artistas.

MP: Você acha que, por já ter produzido para outros artistas, as pessoas têm expectativas maiores para o seu trabalho?

Congee: Será? Eu não sei. Acho que minhas próprias expectativas são bem altas. Mas, como você disse, eu ainda sou um novato enquanto artista, sinto que eu ainda estou aprendendo tudo. Eu tenho as habilidades técnicas de produção, mas eu sinto às vezes que isso vira um obstáculo. Hoje em dia, tantos artistas entram no quarto e usam o laptop da mãe para fazer uns beats incríveis (risos), eles não pensam muito apenas vão e fazem. Há prós e contras nisso. Mas, sim, eu me sinto um iniciante e estou aprendendo como eu gosto de trabalhar como um artista com projeto solo.

MP: Sinto que toda nossa conversa hoje gira em torno de particularidades, daquilo que é único, ou até mesmo estranho em relação ao todo. E sinto que, se vamos falar de sua música esteticamente, vamos cair no mesmo assunto. É pop, mas nem tanto. É meio indie, mas nem tanto.

Congee: (Risos) Sim, eu me sinto assim quando vou tentar explicar, eu nunca sei o que dizer. Acho que, em termos de gênero, ou estética, eu trabalhei com muitos artistas pop e isso entrou naturalmente em mim. Sempre gostei de músicas mais experimentais, de brincar com sons que podem ser meio estranhos, ou tentar encaixar algo esquisito em uma música – sempre me diverti experimentando. É interessante, porque tudo isso se misturou na música que eu fiz até agora.

MP: E você acha que o tipo de música que você faz vai atrair também um público que se sente estranho, que não se sente como os outros?

Congee: Espero que sim, cara! Falar essas coisas nas músicas é algo que eu queria ter visto outras pessoas fazerem quando eu era mais novo. Eu ia entender que é normal se sentir tão diferente.

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