“Grandeza”: Sessa fez um disco “um pouco desregrado”

Como se produz um álbum de estreia? Lançar essa pergunta em 2019 é estar pronto para coletar as mais diversas respostas pré-formatadas dentro de raciocínios que envolvem mercado e indústria. Sessa, por sua vez, trilhou seu próprio (e interessante) caminho em Grandeza, seu recém-lançado trabalho de estreia dentro do que chamamos de “projeto solo”.

“Eu fiz um disco um pouco desregrado mesmo”, contou ele por telefone ao Música Pavê, explicando que preferiu registrar os músicos tocando em ambientes diferentes, captados por uma máquina de fita, já que observa que, hoje em dia, “fazer música virou o processo de microfonar os elementos para gravar, e menos de perceber como as coisas soam e qual a energia desse momento”.

Conhecido por acompanhar outros artistas, como Yonatan Gat, e por ter sido um dos co-fundadores da banda Garotas Suecas, Sessa diz não ser “um músico tradicional. Estudo violão brasileiro e dedico minha vida a esse encontro do instrumento com a letra, mas me considero um admirador e um aprendiz”.

Gradeza é, inegavelmente, um trabalho de música brasileira em sua estética – ou “MPB”, se você se sentir à vontade com o termo: “Meu disco tem uma distância, sinto que tudo nele é um pouco torto, o som é um pouco escuro”, comenta ele,” “é como uma tradução do que eu percebo como música brasileira, do que eu admiro e também das coisas que eu sou”.

Sinto que fazer um disco é essa oportunidade de reorganizar o que aconteceu no mundo. A minha vida é um evento que acontece no mundo, ela vai espelhar as coisas daqui – as belezas, as dores, as delícias e também as injustiças – no material musical”.

Sem cantar todas as músicas do álbum – ele diz nunca ter “sentido essa responsabilidade” -, Sessa entrega uma obra de músicas entrelaçadas, que ele montou “como se fosse um filme, com os elementos sendo apresentados como personagens”. “Eu passei um bom tempo desenhando essa história”, comenta.

Uma parte do que eu acredito em música, e é onde meu ouvido e meu coração vão, é que não precisa ser só isso de guitarra, baixo e bateria. A maioria das músicas do mundo não é assim, se você pensar em 20 mil anos de sociedade pós-agrícola. As pessoas cantavam e tocavam instrumentos diversos em uma situação social muito próxima do que a gente vive em uma sala de shows hoje. Gosto de atuar nesse espaço, de uma instrumentação menos óbvia, é o que me dá tesão de fazer”.

O show de lançamento de Grandeza acontece nesta quinta, 27 de junho, em São Paulo (Itaú Cultural, 20h, entrada gratuita).

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