mibbi: Sobre Experimentar na Música Eletrônica

foto por carine wallauer

O processo criativo do músico que trabalha em casa, que compõe e produz suas melodias no computador, é de uma artesanalidade nem sempre notada no produto final, com camadas sintéticas e batidas eletrônicas. Quem já acompanhou a criação de uma faixa, contudo, bem sabe o quanto esse trabalho é “mão na massa”.

Há muito disso em mibbi01, EP que, como o nome indica, vem como a primeira amostra do que o músico Felipe Feffer realiza no projeto mibbi. Falando ao Música Pavê, o paulistano explicou como seus processos vêm de uma disposição experimental, na qual ele explora os territórios sonoros incorporando às produções o que encontra – e lhe agrada – pelo caminho.

“Todo mundo fala para você não desistir e ir atrás de um som que está na sua cabeça. Comigo, é o contrário”, diz o músico, “fui experimentando, fazendo coisas que eu não achava que dava pra fazer”. Com um passado no rock, a nova dinâmica de trabalho é drasticamente diferente da anterior: “Eu tinha que alugar estúdio, tinha pouco tempo para fazer tudo. Agora, tem essa liberdade toda. Fiz música de ressaca no domingo, deitado todo torto no sofá, ou no consultório médico”. 

A identidade sonora que mibbi mostra nesse EP veio com naturalidade conforme as músicas eram feitas. “Eu não pensei em nenhum momento ‘quero fazer esse tipo de som’. Foi saindo meio sem querer, tinha muita [ideia] acumulada há muito tempo. Eu brinco que eu não sei o que eu tô fazendo (risos)”.

Ao falar sobre mibbi01, Felipe acaba revelando também o amadurecimento que seu contato com a produção eletrônica lhe trouxe. “Antes, eu tinha preconceito com qualquer música que não tivesse voz”, comenta ele, “ouvir aquela faixa linda, uma puta vibe, e ficava incrédulo que as pessoas não colocavam letra em cima. Four Tet me mostrou que a música instrumental eletrônica pode ser tão boa como qualquer canção”.

“Ouvia Aphex Twin e pensava: ‘como ele consegue fazer isso?'”, conta Feffer, “hoje, quando escuto os discos dele, é outro tipo de dialogo, não é mais tão misterioso assim”.

Entre tantos aprendizados, vieram muitas músicas que, como o título mibbi01 também comunica, estarão em lançamentos futuros. “Essa foi uma seleção das músicas que consegui agrupar em um conjunto, elas tinham alguma cara parecida”, comenta, explicando também que as nuances estéticas podem variar, conforme a espontaneidade de sua criação. “Como sou só eu que faço, acabo colocando minhas questões e minhas profundidades nelas”, conta ele, “é um processo naturalzão”.

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