Metá Metá e Rodrigo Ogi Juntos Por “Novas formas de fazer música”

Talvez mesmo aqueles que acompanham com boa proximidade o que acontece na música independente brasileira, sobretudo a feita em São Paulo, não colocariam o trio Metá Metá e o rapper Rodrigo Ogi na mesmíssima prateleira, menos ainda no mesmo palco. O show conjunto que o Coala Festival promoverá no sábado, dia 16, pode ser tido como uma agradável surpresa para os fãs da cena, mas, para os músicos, é “uma celebração dos encontros que já temos há dez anos”.

Quem explica é Kiko Dinucci, que falou ao Música Pavê sobre a ocasião. Ele diz que essa “relação de amizade e de cumplicidade musical” já rendeu participações em diversos álbuns, e culminou na produção de Aleatoriamente, disco produzido por Kiko que Ogi lançará em breve. “É um artista que Juçara [Marçal], Thiago [França] e eu gostamos muito, dos temas que canta a todo o seu universo e personagens”, fala o músico, “o que mais gosto nele é sua capacidade imagética de traduzir a cidade, é um contador de causos de São Paulo, é o Adoniran Barbosa do rap (risos)”.

Rodrigo Ogi, por sua vez, contou ao site que o que mais gosta em Metá Metá é “esse lance de não fazer o óbvio. Se você der uma musica já conhecida para eles fazerem, eles vão desconstruir tudo e vai ficar foda”. O rapper explica que é “uma honra” poder planejar essa primeira apresentação em parceria depois de tantos “shows que fizemos juntos em outras formações”: “Acho que meu estilo casa com o deles”.

Tal casamento, além das gravações (vale lembrar que Crash, o grande “hit” que Juçara Marçal gravou em seu Delta Estácio Blues, de 2021, tem letra de Ogi), já rendeu uma ou outra apresentação nos palcos, mas nada tão consistente como o show que veremos no Coala. “Convivemos sempre de forma desorganizada”, brinca Kiko, “e talvez a gente pegue o embalo para outros shows”. “Espero repetir sempre”, afirma Ogi.

“Metá Metá sempre foi muito misturado, e nem no famigerado ‘nova MPB’ a gente cabia”, comenta Kiko, “sempre tivemos dificuldade de nos encaixar em gêneros. Lá no exterior, tocamos em festival de jazz, de world music, de rock, nos encaixamos em qualquer coisa – porque era tudo e não era nada disso também. No caso do Ogi, ele está totalmente dentro de uma cena hip hop desde sempre, embora ele amplie isso, e vai ampliar ainda mais com o disco novo, flertando com outros gêneros e misturas”.

Sobre Aleatoriamente, que deve sair em breve, o produtor conta que ele e o rapper precisaram se desafiar para dialogar o rap com essas outras estéticas e linguagens de maneira natural e “respeitosa, porque você pode subverter o gênero, mas nunca totalmente”. “Ele não queria também repetir a fórmula dos discos anteriores, admiro essa coragem dele”.

Mesmo com toda a familiaridade e entrosamento de Rodrigo Ogi com Metá Metá, Kiko conta que o show de sábado será “bem inusitado, porque tocamos em um formato trio – sax, violão e voz -, então acho que cantar rap em cima disso sem ser aquele rap acústico convencional, mas da estrutura que Metá Metá está acostumado, com vozes mais polifônicas, vai ser uma junção bem interessante”. Ogi, no entanto, revela com todas as letras: “Estou me sentindo em casa”.

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