Martins: “As canções dos meus parceiros me melhoram”

“As pessoas que ouvirem esse disco no futuro vão saber que ele representa um momento de transformação muito especial para mim” – faz cada vez mais sentido a ideia de Martins ter batizado seu primeiro álbum como – veja só – Martins. A naturalidade dessa informação vem, em primeiro lugar, do quanto é comum que um trabalho de estreia seja homônimo ao artista. Vários dos detalhes da obra, porém, revelam que se trata de um trabalho que encontra sua unidade justamente na figura do músico. Em suas palavras, “ele fala muito sobre mim, de uma maneira muito forte, e de quem eu sou enquanto artista”.

Foi o que Thiago Martins contou ao Música Pavê durante entrevista. Lançado no finzinho de 2019, o álbum apresenta diferentes nuances do que o artista pernambucano desenvolveu ao longo da carreira – iniciada aos 18 anos com a banda Sagarana. Fãs de Mestre Ambrósio, ele e seus companheiros se inspiravam nos artistas de seu estado e traziam “muita poesia popular, o que o cantador de viola daqui faz”, explica ele, “tinha muito do universo de Pernambuco na banda”.

Quando você dá o play em Martins, é isso o que logo salta aos ouvidos – como a estética daquela região do Brasil é trabalhada em suas composições. Mas há também (nas faixas seguintes e ao longo de todo o repertório) a herança conquistada de sua outra banda, Marsa, “que era mais rock’n’roll”, em músicas mais sensíveis que marcam a audição do álbum. “Meu trabalho solo veio para justificar todos os hiatos entre uma banda e outra, que é quando eu fazia alguma música e deixava ela guardadinha”, conta ele, “agora, veio a hora de mostrá-las”.

Para dar conta da missão de apresentar um trabalho com seu nome, Martins foi atrás de ter consigo o amparo musical de seus amigos. “É um disco que tem a ver com as minhas vivências musicais, e eu sou um sujeito de banda”, conta ele, “queria amigos comigo nesse momento tão importante, de pôr minha cara no mundo com a música”. Isso fez com que ele começasse a produção em Recife e rumar à Europa para encontrar-se com Rodrigo Samico, seu antigo companheiro de Marsa, que hoje mora no Velho Mundo, e eles experimentarem gravações “itinerantes” em diferentes locais.

É seguro afirmar, portanto, que o título Martins comunica o músico com toda sua bagagem adquirida através das muitas trocas com outros artistas. “Vivo em um grande exercício da canção e da parceria. Tem muita coisa bonita acontecendo aqui em Pernambuco em favor da música e da arte”, explica ele, “as canções dos meus parceiros me melhoram. Tenho composições assinadas por mim, mas que têm ideias dos meus amigos, dos meus parceiros. Eu não faria isso só, não dá não”.

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