Faixa a Faixa: Criolo – “Convoque Seu Buda”

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Um lançamento de Criolo é um verdadeiro acontecimento para a música brasileira. E após conquistar nossos mundos com seu Nó na Orelha (2011), o paulistano realinha suas rimas, batidas, ritmos, melodias e ideias em Convoque seu Buda.

Como há muito que se dizer sobre a obra, alguns pavezeiros comentaram cada uma de suas faixas a partir de suas próprias impressões. A seguir, você pode ouvir cada uma delas para tirar também suas próprias conclusões (e fique à vontade para deixar seus comentários!).

1. Convoque Seu Buda

“Sugestão: Convoque sua humanidade e sinta os versos colados no ritmo pulsante da canção. Peça licença aos olhos enxergarem para além da sua timeline. Realize um remake imaginário sobre a sensação de escassez, submissão, ausência e perda. O exercício pode ser baixinho no canto do seu quarto mesmo” (Rômulo Mendes)

2. Esquiva da Esgrima

“Com o preconceito que mostrou a cara depois da eleição, a canção encaixa com a situação em que estamos vivendo atualmente no Brasil. Uma mensagem sobre os problemas que vivemos como sociedade: O egoísmo e o lucro consomem nossas vidas e cegam nossas decisões. E tudo isso com um som incrível, uma mistura de ritmos e batidas. Criolo sempre supreende” (Carolina Reis)

3. Cartão de Visita

“Se desse pra resumir 2014 numa música, o resultado seria parecido com Cartão de Visita: a surrealidade de uma sociedade ostentação e da ‘gourmetização’ do mundo aparecem lado a lado com Copa, rolêzinhos e até o próprio Criolo se apropriando do trecho de entrevista a Lázaro Ramos que virou meme recentemente: “Leite a criança quer beber, Lázaro, alguém nos ajude a entender”. No refrão que arremata tudo, o elemento que parece ser o centro do problema: “Menino no farol cê humilha e detesta / Parcela no cartão essa gente indigesta”. Musicalmente, a voz atemporal de Tulipa Ruiz dá uma nostalgia pra tanta pós-modernidade e retribui muito bem a participação de Criolo que teve na Víbora” (Luis Gustavo Coutinho)

4. Casa de Papelão

Casa de Papelão é uma faixa quepoderia entrar facilmente na vibe de Nó na Orelha. É uma canção muito bem construída e com inspirações reais em Fela Kuti. Se torna ainda mais poderosa eharmoniosa pertencendo ao grupo de canções de Convoque seu Buda. Tem a estética perfeita em conjunto” (Guilherme Canedo)

5. Fermento pra Massa

“Se a herança africana está presente no ritmo percussivo que faz parte de todo o disco, a brasilidade aflora em Fermento pra Massa. Esse sambinha de bom humor remete à poesia brincante de Linha de Frente, um dos pontos altos do disco anterior de Criolo. Mas em Convoque seu Buda, não há personagens da Turma da Mônica. O rapper volta às analogias com pães, padeiros e padarias para fazer uma crítica social sobre um país onde a massa é de manobra e onde protesto acaba em um samba de dar nó na orelha” (Nathália Pandeló)

6. Pé de Breque

“Os metais que ajudaram a dar o tom ao trabalho anterior não têm o mesmo destaque neste, mas, em Pé de Breque, eles voltam para complementar esse reggae paz e amor. Versando sobre o movimento Rastafári, Criolo canta: ‘És responsável por tudo que cativar/Quem plantou? Quem colheu? Quem aguou?/Vamos ser feliz que o sofrimento já passou/Queima, todo ódio e rancor/Queima, o pé de breque que embaçou/Queima, toda maldade na babylon'” (Nathália Pandeló)

7. Pegue pra Ela

“O mergulho no rap e na MPB é uma marca de Criolo. A sua versatilidade fez ele levar a música no Brasil em outro nível. Fazer uma canção inspirada no tropicalismo, nos grandes festivais da décadade 60, dentro de um álbum que de primeira  pode se entender apenas como rap é muita ousadia e coragem. E que solo de guitarra, hein?” (Guilherme Canedo)

8. Plano de Voo

“Criolo nesta faixa está acompanhado de um messias das rimas, o prodígio do interior de SP, da cidade de São José dos Campos: Síntese. O rapaz, que revolucionou o cantar as palavras, de forma rebuscada, extremamente densa e sem deixar de ser popular, engrandece a faixa. Introduz Criolo e adensa Síntese sobre… o amor. Tudo nessa canção afunila para o amor. É um sacode nervoso nas cabeças dos ouvintes. Um faixa amorosa, densa e memorável. Entra para a história do Rap” (Dom de Oliveira)

9. Duas de Cinco

“Ritmo e poesia: enquanto um país não relevar a educação como o aspecto mais importante e fundamental para o seu país e sua gente, a inclusão financeira será o caminho ilusório publicitário da satisfação pessoal. Financiaremos socialmente a pistola do ‘vapor’. Criolo sugere que o país está dividido, 500 anos dividido. O último baile da Ilha Fiscal ainda está entalado na garganta dos flagelados. O RAP alerta para a igualdade, o viver necessita. Estamos prontos fraternalmente para ser uma Noruega?” (Dom de Oliveira)

10. Fio de Prumo

“Outra sugestão: Sem provocar alarde, abra o caminho da mente para a sua intuição passar. Deixe fluir sem deixar a alma de stand by, não carece ilusória façanha. Trata-se de ouvir o refrão saindo de Juçara Marçal – a voz mais potente do lugar que habita – sabendo respeitar a verticalidade que se difere de você. Obtendo gratidão para se iluminar nesse caminho e força na tentativa diária de quebrar os muros de concreto que se mostram desonestos” (Rômulo Mendes)

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