Flight Facilities: “Nos cansaríamos de fazer sempre o mesmo som”

Quem curte as diversas vertentes da música eletrônica que cruzam com disco, house e até o indie sabe que o duo australiano Flight Facilities é um dos projetos mais aclamados na década. E talvez seu renome tenha vindo justamente de tantas experiências por sonoridades diferentes, que construíram sua identidade como múltipla.

“Na verdade, acho que esse foi nosso azar”, brincou James Lyell ao falar com o Música Pavê por telefone. “Nós começamos assim, fazendo todo tipo de música, e nunca deixamos de tentar fazer algo novo”, explica ele, que acrescenta: “Se não fosse assim, nos cansaríamos de fazer sempre o mesmo som. E já são dez anos trabalhando com música. Que loucura, né?”.

Better Than Ever, seu mais recente single, é prova de que cada lançamento parece diferente de tudo o que Flight Facilities fez no passado. “Rolou até um hip hop em nosso último álbum”, conta James, “algo que nem sabíamos se daria certo. E nossas próximas músicas também não se parecem com nada do que já fizemos. Não vejo a hora de lançá-las”.

A variedade nas faixas vem também de uma grande pluralidade nas escolhas dos convidados – “a intenção é essa”, explica ele. “Temos sempre uma lista de pessoas com quem queremos trabalhar, e saímos convidando”, conta James, “alguns não podem porque estão ocupados, outros não curtem nosso som, varia muito. Mas a ideia é diversificar. Se quiséssemos fazer sempre o mesmo som, montaríamos uma banda e tocaríamos só com aquelas pessoas. Mas seria chato”.

É interessante notar como, quase uma década depois, sucessos como Crave YouForeign Language possuem vidas próprias e ganham sempre novos fãs nas plataformas de streaming e YouTube. “É muito louco pensar nisso: Crave You foi feita no meu quarto, nós gravamos os vocais no meu armário”, conta o músico, “nunca iríamos imaginar que ela faria tanto sucesso. Foi ali que começou, tudo mudou em questão de semanas. Eu nem sonhava que, tantos anos depois, Flight Facilities teria uma longevidade tão grande na indústria”.

O reconhecimento veio de público, mas também de crítica, como da tradicional rádio Triple J, na Austrália, responsável por ter impulsionado carreiras de tantos músicos de lá. “É isso o que mantém o nível alto de nossas músicas”, explica James, “se você é um músico australiano, a competição é grande. E o rádio é importante nesse processo. Nós estávamos no Brasil, subindo no palco do MECA Festival, quando descobrimos que entramos na lista de 100 melhores da rádio (em 2013). Foi ali que caiu a ficha que as coisas estavam dando certo de verdade”.

Por falar em shows no Brasil, James possui só boas lembranças dos dois shows que fizeram naquele mês de janeiro. “O show em São Paulo foi em um casarão maravilhoso, em um morro, foi uma noite divertidíssima”, relembra, “e o MECA, no litoral, era um dos festivais mais bonitos que eu já vi. Quanto tempo faz? Quase sete anos? Que loucura, é tempo demais. Será que alguém aí não quer nos levar ao Brasil de novo?”.

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