Drax Project conta que faz a música pop que quer ouvir

É bem provável que você tenha curtido Woke Up Late nos últimos meses, seja em alguma festa ou playlist, enquanto mexia os pés e a cabeça sem compromisso, ou o corpo inteiro na pista. A música, parceria com a cantora Hailee Steinfield, colocou em evidência a banda neozelandesa Drax Project e anunciou o que viria a ser seu primeiro e homônimo álbum, lançado em setembro.

Quem chegou até o disco (e não empacou no repeat do hit logo na abertura) se deliciou com um repertório variado que pega emprestado um pouco de cada coisa que passamos os últimos tempos ouvindo. Tem algo que vem do indie, você percebe uma influência de R&B aqui e ali e muito daquilo que a eletrônica forneceu ao pop do começo da década pra cá. É um álbum que está feliz por te fazer companhia quando você precisar de um sorriso, sabe?

Falando ao Música Pavê por telefone, Shaan Singh (responsável pelos vocais bacanas do disco) comentou que esse clima veio de uma vontade comum entre músicos: A de fazer aquilo que quer ouvir. “É claro que, acima de tudo, não queremos compor músicas só para nós mesmos”, comentou ele, “ao mesmo tempo, se não fizermos a música que nós curtimos, tem algo errado aí. Queremos ficar felizes com o som que fazemos. E nós lançamos essas músicas porque gostamos muito delas”.

Shaan comenta que não se incomoda com a classificação “pop” dada ao seu som. Pelo contrário, ele concorda: “No fim das contas, ‘pop’ significa apenas ‘popular’. Se você faz música para as pessoas, para ajudá-las, ou para que elas se divirtam, você faz música pop. É o nosso caso”.

Nós queremos escrever sobre as coisas que estão acontecendo, sobre a vida cotidiana e os relacionamentos com as pessoas. Coisas que vemos nossos amigos passando, coisas de fora da nossa vida que achamos interessantes”.

As letras observativas e narrativas ajudam bastante na identificação do público, algo que o quarteto nota ao ler os comentários nas redes sociais. “É muito interessante notar como as pessoas entendem aquilo que você disse em uma letra”, conta ele, “quando nós escrevemos algo, aquilo saiu de nós. Assim que sai pro mundo, é de todo mundo, porque todos estão criando suas próprias relações com a música, de acordo com o que já viveram. E eu me identifico bastante com o que elas estão dizendo nos comentários sobre suas experiências”.

Sobre o clima pra cima presente ao longo de Drax Project, e também essa reunião de referências dentro do pop, Shaan comenta tudo surgiu espontaneamente. “Posso te falar com segurança que nunca tivemos nenhum planejamento pra que o disco saísse assim”, conta o vocalista e saxofonista, “nunca sentamos antes de gravar para discutir ‘ele será desse jeito, terá essa quantidade de faixas etc.’, só começamos a gravar algumas músicas sem nem saber que era um álbum que estávamos fazendo. Quando vimos, ele já estava ali”.

Sobre ser um disco feliz, acho que tem a ver com o que vivemos nos últimos dois anos. Somos incrivelmente abençoados de poder trabalhar com música, e acho que isso acabou nas composições”.

Não é de se estranhar que Shaan se refira a esse período como algo positivo na carreira da banda. Antes mesmo do sucesso estrondoso de Woke Up Late, Drax Project teve a oportunidade de tocar com Camila Cabello, Ed Sheeran e até Christina Aguilera. Ele comenta que, para um músico novo, essas experiências com veteranos são aprendizados “que não têm preço”, já que a imersão da turnê permite uma observação intensa da maneira com que os outros trabalham.

E isso é mais especial ainda para uma banda da Nova Zelândia, tão distante de Hollywood ou mesmo do circuito europeu. “É um país tão pequena, temos menos de cinco milhões de pessoas ao todo”, conta Shaan, “é incrível ver alguém conseguindo fazer sucesso fora, seja na música, ou no esporte. É muito inspirador pensar que isso pode acontecer, que você pode sair de um lugar tão pequeno e ter sua voz ouvida no mundo todo. É o que sentimos ao olhar para Lorde, Kimbra e outros que já saíram daqui”.

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