Dicas de Discos: Abril/2022

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de abril de 2022.

Kehlani – blue water road

Em seu terceiro álbum, Kehlani continua na crescente de amadurecimento que tem mostrado ao longo dos últimos trabalhos. A artista superou as desilusões amorosas e os relacionamentos difíceis e está totalmente entregue ao amor em blue water road. Seja com uma produção de Hip Hop dos anos 2000 ou com um som R&B minimalista, os vocais de Kehlani flutuam e mostram uma versão da artista ainda mais segura de si. (Guilherme Gurgel)

Gab Ferreira – visions

A nova mixtape da compositora catarinense chega quatro anos após a estreia. A relação entre o pop e a eletrônica criativa está mais natural e simbiótica, e as canções possuem estrutura muito bem azeitada. Gab trabalha sua voz de maneira bem equilibrada, e a coleção aqui disponibilizada é das mais agradáveis audições pra quem curte pop contemporâneo. (Eduardo Yukio Araujo)

Red Hot Chili Peppers – Unlimited Love

Logo no primeiro dia do mês, Unlimited Love chegou às plataformas e aos ouvidos de fãs ávidos, que esperavam ansiosamente uma novidade desde 2016. Com o retorno do guitarrista John Frusciante ao Red Hot Chili Peppers, a banda resume o seu melhor em um álbum grande para os nossos tempos: 17 canções que contam histórias metafóricas, envolvidas nos ritmos únicos que só confirmam que o que é bom sempre pode melhorar. (Rafaela Valverde)

Sault – Air

O coletivo inglês encabeçado pelo produtor Inflo (Cleo Sol, Michael Kiwanuka, Adelle) chega ao sexto trabalho com uma virada de caminho: sai do R&B e de outras influências populares e vem com força numa pegada neoclássica, recheada de corais, num trabalho que soa como uma grande introdução a um álbum de hip-hop pesadamente instrumentalizado – como Sometimes I Might Be Introvert, da rapper Little Simz, também produzido por Inflo. (Vítor Henrique Guimarães)

Fontaines DC – Skinty Fia

Fugindo bastante do pós punk que serviu de base para as primeiras criações, a banda de Dublin entrega um álbum que avança para cantos mais escuros liricamente e sem medo de trabalhar seu rock de guitarras para longe do clichê. A sensação de deslocamento e melancolia de imigrantes irlandeses serve de metáfora para o momento pós pandêmico que vivemos. (Eduardo Yukio Araujo)

Wet Leg – Wet Leg

Antes mesmo do lançamento deste álbum de estreia, Wet Leg já carregava na bagagem singles que rapidamente viraram hits e participações em festivais importantes. Com altas expectativas dos fãs e da crítica, o duo inglês mostrou que o seu sucesso não era sorte de principiante. O disco autointitulado tem mais do humor e da sonoridade descontraída que tanto chamaram atenção, mas também mostra novas nuances da banda. (Thaís Ferreira)

Alabaster DePlume – GOLD

O inglês eleva sua qualidade de produção e nível de sensibilidade ao máximo em seu mais recente trabalho solo. Trazendo temas como coragem e generosidade, ao mesmo tempo que fala autocensura e decepções, a abordagem niilista não se limita apenas à poesia: as melodias cheias de vazios convidam o ouvinte a preenchê-los com si mesmo. Um sarau introspectivo, isolado, filho de seu tempo. (Vítor Henrique Guimarães)

Oreia – Gangsta da Roça

Em sete faixas, o rapper mineiro inaugura fase solo com o mesmo bom humor e acidez que apresentava ao lado de seu ex-parceiro Hot. Feito com Faew na produção, o disco traz ambientações lisérgicas, de graves arrastados e diversas inspirações no que o rap e o hip hop atual têm de melhor. (André Felipe de Medeiros)

Pusha T – It’s Almost Dry: Pharrell vs. Ye

O modus operandi do MC para esse trabalho envolveu sessões contínuas do filme Coringa logo ao amanhecer no modo silencioso. Os esboços de canções deveriam encaixar nas cenas deprimentes do longa, de forma a soar tão ameaçadoras e perturbadas como o personagem interpretado por Joaquin Phoenix. Com Pharrell produzindo o arcabouço harmônico e Ye (Kanye West) na produção mais crua e “de rua”, o resultado é sólido: rap duro como pedra. (Eduardo Yukio Araujo)

Rodrigo Alarcon – Rivo III e a Fé

Um celebrar para a música do Brasil. Essa é uma das várias funções que elegi para Rivo III e a Fé, de Rodrigo Alarcon. Referências importantes à sonoridade brasileira, mescladas com ritmos atuais e impactantes, somadas às reflexões sobre a juventude nesses últimos anos, além de um filme psicodélico sobre as canções, revelam outra função: efervescer ainda mais o Pop e melhorar nossa rotina fatigada. (Rafaela Valverde)

Gabiii Ballantyne – IN MY DREAMS

Numa onda R&B meio Rosie Lowe e Charlotte Day Wilson, só que numa produção mais alinhada com o bedroom pop, a inglesa joga suas desilusões amorosas em 25 minutos que realmente parecem sonhos, mas daqueles melancólicos e entorpecidos. O que é um ótimo indício pra carreira de quem tem apenas 15 anos. (Vítor Henrique Guimarães)

Coco Em – Kilumi

De uma forma geral, as produções eletrônicas e experimentais tem passado um pouco batido no radar dos cantos de cá do Atlântico, o que é um pecado. O que a produtora queniana faz em seu primeiro EP é uma ótima e instigante mistura do que tem rolado por lá, desde o popular kuduro até os mais recentes gqom e amapiano, fazendo ainda vários diálogos com o deep house, se colocando como um interessante e rico lançamento afrohouse. (Vítor Henrique Guimarães)

PUP – The Unraveling of Puptheband

O nome desse álbum promete exatamente o que entrega. O punk rock de alta qualidade da banda PUP acompanha letras sobre a sensação de estar fazendo tudo errado, mas sem culpa nenhuma. Nesse projeto, o grupo faz uma ode à própria ruína e mostra vulnerabilidade, em meio à violência. No caos autodestrutivo, o álbum soa genuíno, surpreendentemente divertido e é catarse pura. (Guilherme Gurgel)

Kurt Vile – (watch my moves)

Ao mesmo tempo em que o oitavo álbum solo de Kurt Vile parece um diário sonoro feito para ele mesmo, (watch my moves), já em seu nome, carrega um convite para que o ouvinte observe os passos do cantor e compositor norte-americano. O disco abre portas que não necessariamente se preocupa em fechar, mas por trás delas há sempre um relato interessante nas letras ou uma lisergia instrumental te esperando. (Thaís Ferreira)

Anitta – Versions of Me

Uma resenha do site britânico New Musical Express definiu Anitta como uma “batalhadora”, em tradução livre. De fato, cada passo da estrela pop carioca é um avanço na carreira, e o primeiro álbum “global” é um esforço pensado meticulosamente para o sucesso. Importante mesmo é que a fórmula de unir o pop tradicional com pitadas de reggaeton, rock e funk traz resultado coeso, sem apelar para a diluição exagerada. (Eduardo Yukio Araujo)

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