Gabriela Garrido e as frases muito fortes pra essa canção

Aos poucos, desde o último agosto, a cantora carioca Gabriela Garrido vem voltando a presentear o mundo com seu trabalho. Se com os EPs Mergulho (2016) e Entre (2017) a abordagem flertasse mais diretamente com a MPB e o rock brasileiro, com as inéditas Contrato e Vidas Passadas (lançada no fim de novembro), curiosamente apresentadas em suas versões ao vivo e acústicas, apontam para uma direção mais folk e até bedroom pop.

O que rola, principalmente no vídeo mais recente, é uma coisa mais intimista. Os zooms durante a session não te permitem entender tão bem o ambiente. O ambiente, na verdade, é o “dentro de mim”; as paredes são pixadas com as “frases muito fortes pra essa canção”. O vídeo é intimista porque a música somente a é dentro de si, música e pessoa. O que Gabriela faz (em ambas as músicas, inclusive) é uma investigação corajosa de si através de tantas desilusões, se joga pra entender se os sabores de antes ainda aguam a língua. Re-experimentar o passado para experimentar a dor e aprender como se relacionar com ela.

Os closes também nos aproximam de uma conversa entre instrumentos, que é algo sempre lindo de se imaginar. Se a gente não sabe exatamente o que aconteceu com Gabriela, de como ela morreu, do que lhe restou, do porque ela foi deixada, temos um pouco mais de liberdade criativa de imaginar o que o violino de Stephanie Doyle, o piano de Francisco Eiras e a guitarra de Haroldo Eiras estão falando entre si. Estão reagindo ao que é falado? Estão acolhendo a cantora? Estão endossando suas confissões? Estão discordando e de repente gritando, rompendo tocando no calo?

É fácil morrer tão de perto assim?

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