Dicas de Discos do Mês: Julho/2025

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.
Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.
Eis as dicas de julho de 2025.
Tyler, the Creator – DON’T TAP THE GLASS
De volta para o futuro com Tyler, the Creator. Recheado de influências dos anos 80 e 90, o disco tem uma sensação retrô, mas sem apelar para uma nostalgia melosa. DON’T TAP THE GLASS não tem uma história conceitual, como muitos outros trabalhos do artista, mas não deve ser menosprezado. As letras bem humoradas, e até um pouco sarcásticas, sobre temas como amor e sexo são muito bem complementadas pelas batidas eletrônicas, os sintetizadores e os flows rápidos. O resultado é uma atmosfera DANÇANTE (merecedora de caixa alta) e extremamente divertida. (Clara Portilho)
Wet Leg – Moisturizer
Moisturizer expande e refina o som autêntico que Wet Leg apresentou no disco de estreia. Mais coeso e cadenciado, o novo álbum mostra uma banda que respira melhor em formato de LP. As letras continuam afiadas, cheias de ironia e trocadilhos inteligentes, agora em uma sonoridade mais polida e menos engessada. Sem perder a leveza, o grupo inglês explora novas possibilidades com segurança e personalidade. (Guilherme Gurgel)
Lupe de Lupe – Amor
Álbum de separação, rompimento ou dor de cotovelo é uma simbologia pop indelével. De Dylan a Afghan Whigs, passando por Caetano e Exaltasamba, todos contribuíram para esse panteão. O amor romântico é o tema do sétimo disco dos mineiros, mas a construção parte sempre de uma turbulência: mesmo as memórias doces são tomadas por angústia e melancolia. O maior trunfo aqui é o diálogo entre a dinâmica instrumental impecável – transmitindo toda a complexidade emocional que envolve um relacionamento – e a lírica crua. (Eduardo Yukio Araujo)
Letícia Fialho – Revoada Baile Canção
Com uma intro bonita e cativante à primeira escuta (Flecha (Para Abrir e Bendizer)), Revoada Baile Canção traz sentimento de familiaridade, aconchego e calma. Passeando por ritmos brasileiros, com destaque para o xote, flerta em momentos com algo próximo ao city pop e não deixa sintetizadores de lado. A flauta é marcante durante todo álbum e traz a sensação de leveza inesperada, principalmente quando combinada aos sintetizadores. É meio casa de vó meets groove e é delicioso, tendo uma faixa final (Tudo de Bom) que fecha um perfeito círculo. (Giovana Bonfim)
Justin Bieber – SWAG
Possivelmente um dos álbuns mais íntimos da carreira de Justin Bieber. Em seu sétimo trabalho, o cantor mergulha de vez no R&B e no Soul, explorando caminhos mais crus e pessoais. As faixas oscilam entre o romantismo característico e uma tentativa delicada de autoanálise, como se, a cada verso, Justin estivesse tentando se reconhecer e ser reconhecido. Há algo de contemplativo e vulnerável em canções como Devotion e Walking Away, enquanto interlúdios como Dadz Love e a experimental 405 criam pausas que nem sempre acompanham o fluxo do disco. Ainda assim, há uma coragem presente em se despir dos filtros e permitir que o ouvinte acompanhe um processo em aberto. (Mariana Santos)
Nick Hakim – Where Will We Go
O refrão de sua canção mais famosa dá nome ao lançamento, que compila dois EPs homônimos que o músico estadunidense lançou em 2014, acompanhado de várias demos gravadas na época. Desde então, I Don’t Know virou um grande sucesso entre os fãs desse estilo (um indie r&b lo-fi delicioso) e ganha protagonismo no disco ao fazer a ponte entre as versões demo e as gravações oficiais no formato voz e guitarra elétrica. Se é seu primeiro contato com a obra de Hakim, pode ignorar as dez primeiras faixas. Mas volte depois para compreender melhor a beleza dessas músicas. (André Felipe de Medeiros)
Nick Drake – The Making of Five Leaves Left
Eis outro lançamento especial que, como o nome revela, nos convida aos bastidores de uma obra – no caso, Five Leaves Left (1969), o primeiro álbum do lendário músico britânico Nick Drake. São três discos com sobras de estúdio, entre versões nunca antes lançadas e músicas inéditas, até chegarmos ao álbum como já o conhecíamos. Acredite: É mais interessante, e bem menos cansativo, do que a descrição comunica. Em uma época como hoje, na qual temos tanto contato com gravações de nossos músicos favoritos, é preciosíssimo ter acesso a um acervo tão detalhado de quem se foi cedo demais. (André Felipe de Medeiros)