Dicas de Discos do Mês: Maio/2025

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de maio de 2025.

Luedji Luna – Um Mar Pra Cada Um

Luedji Luna aborda amor, carência e desejos em seu novo álbum Um Mar Pra Cada Um. O disco, que transita entre o jazz, a mpb e o neo soul, tem uma atmosfera experimental e elementos inusitados. Uma faixa que chama atenção pela sua estrutura diferente é Baby Te Amo, um poema póstumo da ativista Beatriz Nascimento, que foi recitado pela autora por meio do uso de inteligência artificial. (Clara Portilho)

Jadsa – big buraco

Gravado em uma semana e produzido em sua maior parte pela própria Jadsa e Antônio Neves, big buraco tem potencial de te acompanhar por semanas e possui tantos detalhes bonitos que te faz desacreditar do tempo que levou para ser gravado. Com deliciosas brasilidades grooveadas, traz versões originais, releituras de composições autorais já gravadas em seu projeto TAXIDERMIA (1000 sensations e Tremedêra) e nova versão de Um Choro – inicialmente gravada por Juçara Marçal, em 2022, mas de autoria própria. É a trilha perfeita para tomar um sol no frio do outono brasileiro, dá vontade de viver. (Giovana Bonfim)

Lagum –  As Cores, As Curvas e as Dores do Mundo

Ouso dizer que esse é o álbum mais tranquilo da banda. Lagum parece ter decidido focar em sua totalidade no gênero pop e faz isso de maneira leve, com mensagens claras sobre curtir o presente e apreciar a simplicidade da vida. O disco também aborda os sentimentos de falta e amor-próprio. A colaboração com a cantora Céu — Tô de Olho — merece destaque. A combinação de vozes entre o vocalista Pedro e a artista ficou muito bem sintonizada. (Lorena Lindenberg)

Stereolab – Instant Holograms On Metal Film

Quinze anos separam o penúltimo álbum de estúdio da banda franco-britânica do lançamento deste último mês. E por mais que você consiga ver uma ou outra mudança superficial, a essência da essência ainda está ali: Brincadeiras com sintetizadores dando um aspecto futurístico-espacial, embelezando a progressividade contaminante que consolidou a banda numa prateleira especial de troféus do krautrock. (Vítor Henrique Guimarães)

spill tab – ANGIE

Após quase seis anos do primeiro single, spill tab compartilhou seu primeiro álbum. Sem muitas surpresas, o disco reafirma a identidade musical que a artista veio construindo ao longo dos anos: Pop com sintetizadores, vocais suaves e flertes com o indie. Embora ANGIE não seja linear, ele se sustenta em sua diversidade por meio das texturas instrumentais, do protagonismo do violão ou da guitarra, das leves incursões psicodélicas, da suavidade da voz ou da lírica. Uma ótima pedida para quem aprecia canções intimistas e indie pop contemporâneo. (Isabela Guiduci)

Eduardo Pereira – Canções de Amor ao Vento

Quanto afeto cabe em um só disco: Dez anos depois do projeto entre amigos The Mozões, o músico alagoano reúne uma coleção de carinho em forma de música (e daquelas bem bonitas). Ao longo do álbum, nossa impressão é a de que Eduardo canta bem perto ao nosso ouvido, com uma proposta intimista que é a grande identidade desse disco – ou do artista nesta fase. Dê o play e aceite esse abraço com um sorriso. (André Felipe de Medeiros)

Kali Uchis – Sincerely,

Pessoal, sincero e um tanto monótono. Sincerely,, o quinto álbum de estúdio da cantora Kali Uchis, fala do amor e da música como ferramentas para lidar com os altos e baixos da vida. As faixas no estilo R&B, com uma pegada mais tranquila, são reconfortantes, mas repetitivas. Os destaques do álbum são suas letras sensíveis e vocais delicados já conhecidos pelos fãs da cantora. (Clara Portilho)

Miley Cyrus – Something Beautiful

Mesmo não cumprindo o que prometia antes de ser lançado (era descrito como experimental), segue sendo um álbum interessante de pop, diferente de tudo o que Miley já fez. Apesar da falta de linearidade de gêneros musicais, mostra sua maior força e originalidade após Interlude 2, trazendo o disco, influências setentistas e oitentistas e parcerias interessantes, como Walk of Fame, que traz Brittany Howard de forma instigante à primeira escuta. Outro destaque é o single Something Beautiful, que traz o mais experimental à tona. (Giovana Bonfim)

Lido Pimienta – La Belleza

Lido Pimienta parte em uma busca pela ideia de beleza como se ela trouxesse a luz. Uma imagem divina surge da sonoridade do álbum que, por meio de uma orquestração dramática e uma interpretação vocal parecida a uma espécie de oração, ela canta “Viva el Caribe!” com o que, se pode dizer, um estilo muito europeu de música, em meio a brilhos rítmicos e uma criatividade que realçam as milhares possibilidades da música latino-americana. (Nina Veras)

Julia Mestre – Maravilhosamente Bem

Em 2025, Julia Mestre fez um clássico pop brasileiro de 1982. Maravilhosamente Bem não disfarça suas influências, dos timbres de guitarras e teclados aos ritmos que incluem disco e bolero. Nos momentos mais pop, Julia lembra Rita Lee, mas seu canto sussurrado confere personalidade ao álbum e cativa o ouvinte a acompanhar cada palavra. Os melhores momentos são quando as canções se permitem ser obras pop concisas e completas, como a faixa-título, Sentimento Blues Marinou, Limou, em que a própria homenageada dá o ar da graça em áudio. (Roberto Soares Neves)

Kathryn Joseph – WE WERE MADE PREY.

No quarto álbum da cantora escocesa, percebemos dois movimentos opostos e complementares: Um diz respeito à nova direção de sua voz, que se afasta da peculiaridade tonal de nomes como Stevie Nicks e Joanna Newsom e se mostra surpreendentemente suave, aconchegante; o outro reforça seus caminhos anteriores de criar uma ambiência soturna, nebulosa e vultuosa. Como uma Florence Welsh às avessas. (Vítor Henrique Guimarães)

Marina Melo – Ousar Abrir

Produção de Luiza Brina, com Otto, Mauricio Pereira e Filarmônica de Pasárgada entre os convidados – Ousar Abrir chega com peso no currículo. O que fica da audição, contudo, é a leveza da poesia de Marina, com um olhar sempre muito sensível para o dia a dia em nosso tempo, e seu melhor momento vocal até agora. Atmosférico e volumoso, mas também muito aconchegante. (André Felipe de Medeiros)

Aryelle – Inteira

Em um disco de estreia bem sensorial e otimista, a cantora e compositora da Baixada Fluminense – e os produtores Buzu, larissanaota e yaramay – apresenta um trabalho que se alinha com uma das sonoridades que tem soado mais interessantes no pop brasileiro nos últimos anos: Floreios percussivos envolventes, letras cheias de chamego, e uma fé no futuro que amacia as quedas do dia a dia, que renova as vontades. (Vítor Henrique Guimarães)

Arcade Fire Pink Elephant

Em seu sétimo álbum, a banda transporta o ouvinte para uma melancolia futurística, com um instrumental calmo na maior parte do tempo. Sem fugir de seu lugar-comum, fornece faixas imersivas e carregadas de criatividade, misturadas com os estilos do indie rock e até um pouco de eletrônica. Além disso, os temas abordados nas músicas são contemplativos e revelam uma dualidade, misturando sentimentos de esperança e desespero.  (Lorena Lindenberg)

Gabriel Ventura – Pra me lembrar de insistir

Enredado em uma confusão de afeto, ódio, dor e esperança, Gabriel Ventura parece tão interessado em criar nós quanto em desatá-los. A introspecção e os espaços vazios coexistem com atmosferas densas e, por vezes, psicodélicas, que incluem sombrias percussões, arranjos misteriosos e ruídos longínquos. Ao pintar um quadro emocional fragmentado, o músico encontra um mundo de nuances em cada estilhaço. (Bruno Takaoka Pugliese)

Tagua Tagua – Raio

Raio aponta o neo soul bem trabalhado de Felipe Puperi para regiões mais quentes e dançantes. O som vigoroso leva junto o vocal, que passeia com versatilidade pelos registros mais agudos e roucos. Aí reside a força de seu terceiro álbum, que parece mesclar elementos da carreira do cantor para abrir um novo caminho. Como o disco foi gravado em São Paulo, provavelmente não era a intenção, mas soa como um dia de sol em Porto Alegre, para quem já passou um. Destaque para Lado a Lado, parceria com a banda norte-americana White Denim. (Roberto Soares Neves)

Joaquim – Varanda dos Palpites

Varanda dos Palpites forma um álbum com ideias que remetem a um inconsciente coletivo da música brasileira, seja pela construção harmônica de uma canção bem elaborada, ou pelo uso de palavras da poética cotidiana e vivencial que constroem um legado de composição que Joaquim recebe com maturidade. Tudo soa com muita naturalidade e encanta por isso. (Nina Veras)

Fernando Motta – Movimento Algum

O fugidio e o etéreo são a matéria-prima do novo disco de Fernando Motta. As delicadas melodias, passagens contemplativas de piano e densas camadas de guitarra parecem se mover como fumaça em uma dança onírica e cheia de poesia. Ainda assim, há muito espaço para refrões pegajosos e até ritmos dançantes, como na excelente Elegia, parceria com a dupla Paira. (Bruno Takaoka Pugliese)

Vários Artistas – ReNascimento

Lançado após o documentário Milton Bituca Nascimento, o disco chega como uma homenagem sensível ao ícone da música brasileira com a participação de diversos artistas (como Agnes Nunes, Maro, Sandy e Tim Bernardes). De modo geral, o álbum mantém a grandiosidade das composições nas doze novas interpretações das canções do músico, reafirmando a relevância e a magnitude de sua obra. Não posso deixar de citar as versões de Liniker e do grupo Os Garotin, que trazem bastante sensibilidade e autenticidade às composições originais. (Isabela Guiduci)

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