Especial 2022: Os Álbuns do Ano
Quanto mais é dito que o consumo de música hoje se dá exclusivamente por singles e, no máximo, EPs, mais os artistas e bandas que acompanhamos nos presenteiam com obras mais do que completas que não só satisfazem, mas também surpreendem os ouvintes.
Dos álbuns lançados em 2022, estes são aqueles que mais se destacaram ao longo do ano, conforme selecionados pela equipe Música Pavê.
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Beyoncé – Renaissance
Assim que Break My Soul, primeiro single de Renaissance, chegou ao mundo, ele já deu o recado que o novo disco de Beyoncé seria gigante e excepcional. E foi. Diferente dos anteriores, a obra se afasta das baladas e hits para corações partidos, e dá espaço para a pista de dança e para a festa. Além de resgatar décadas passadas da dance music, o álbum faz uma ode à disco music e à cultura ballroom, convidando o ouvinte a se jogar em um universo fascinante, iluminado, enérgico e agitado. Uma enorme contribuição à música, Renaissance é um dos principais lançamentos da carreira de Bey e um dos discos mais expressivos dos últimos anos. (Isabela Guiduci)
Maglore – V
A sonoridade contemporânea que flerta com o retrô e as composições mais preciosas que diamantes são dois dos ingredientes que tornam esse um dos melhores discos do ano e também da carreira da banda Maglore (o que não é pouca coisa). V é um conjunto de canções que têm tudo a ver com 2022 e, ao mesmo tempo, têm o poder de servir como trilha sonora de uma vida inteira. (Nuno Nunes)
Rosalía – MOTOMAMI
Para quem está distante da cena, a ideia geral é de que a música pop de alcance global é homogênea, pasteurizada e feita de acordo com alguma cartilha estabelecida pelo mercado. Isso existe, mas artistas como Rosalía são a evolução do nicho, pela excelência nos quesitos musicais, no conteúdo autoral bem desenvolvido e na enorme identidade presente em cada milímetro do seu trabalho. MOTOMAMI, tenha certeza, é pura arte. (André Felipe de Medeiros)
Criolo – Sobre Viver
Um disco denso, mesmo quando se propõe a ser suave. Este é o trabalho que Criolo colocou no mundo em 2022: Sobre Viver. Um disco que tem no rap sua base homogênea, mas que dentro dele, flerta com outros elementos, como ijexá de Yemanjá Chegou e o reggaeton de Ogum Ogum e Moleques São Meninos…. Algumas faixas trazem assinatura de Tropkillaz, e contam com outras parcerias como Liniker, Mayra Andrade e MC Hariel. Mas é difícil citar este disco sem falar na participação de Milton Nascimento, na belíssima Me Corte na Boca do Céu…. Mais um bom álbum para a ótima discografia de Criolo. (Diego Tribuzy)
Tim Bernardes – Mil Coisas Invisíveis
Dez anos. Foi esse o tempo que levou para que aquele Tim Bernardes que vimos surgir com O Terno em 2012 se desenvolvesse como uma das vozes mais relevantes desta geração musical. Se em trabalhos anteriores, solo ou não, ele despontava facilmente como compositor, intérprete e produtor, Mil Coisas Invisíveis tem gosto de “consagração”. Bonito de tudo, do começo ao fim, é o melhor disco que Tim já fez até hoje. (André Felipe de Medeiros)
Gloria Groove – Lady Leste
Diferentes beats e combinação de estilos não faltaram em Lady Leste, segundo disco de estúdio de Glória Groove. Com singularidades, e muita música para dançar e se jogar na pista, as treze faixas do projeto passeiam por uma variedade de gêneros, incluindo funk, pop, pagode, rap e reggaeton. Mesmo com a pluralidade rítmica, Groove conseguiu criar um projeto coeso e de identidade única, que consolida a artista como um dos principais nomes da cena pop brasileira. (Isabela Guiduci)
Kendrick Lamar – Mr. Morale & The Big Steppers
Imagine que você é um artista estabelecido, dono de base leal de fãs, respeitado pela crítica e popular, mas precisa lançar um novo álbum. Sua vida pessoal agora é muito mais familiar, suas ideias parecem ter esgotado os limites da criação e a maturidade pós-idade de Jesus quando morreu bate à porta. O que fazer? Para Kendrick, a resposta foi mergulhar na própria introspecção, expor seus medos e defeitos e tentar sair disso com uma obra musical. Temos aqui um amálgama sonoro e uma longa pensata que pasmem, não soa como algo prolixo, mas sim como um retrato de um artista inconformado e genial. (Eduardo Yukio Araujo)
Planet Hemp – Jardineiros
Depois de 22 anos sem lançar um álbum com inéditas, não é nenhum exagero dizer que Jardineiros representa um retorno triunfal para Planet Hemp. O grupo traz um som pesado, provocativo, inteligente e que transborda consciência social, elementos que sempre foram a essência da banda. Vale a pena também enaltecer as parcerias com Criolo, Black Alien e outros que ajudam a abrilhantar ainda mais o excelente trabalho. (Nuno Nunes)
Rachel Reis – Meu Esquema
Um dos grandes exemplares do pop brasileiro em 2022, o novo disco da cantora baiana é um deleite de alguém aberto pra paixão, pro amor e pro que mais de bom a vida puder oferecer. O álbum é mel e passar ileso da audição não é uma possibilidade: Ou você se identifica com o que é cantado com a mais suave e doce serenidade, ou você sai engatilhado, doidinho pra arranjar um dengo. (Vítor Henrique Guimarães)
Bala Desejo – SIM SIM SIM
Quando você ouve o disco do começo ao fim, duas de suas principais características, às vezes contrastantes, definem muito do que é a experiência de ouvi-lo. Uma delas – nas vinhetas faladas e na Faixa Técnica ao final – é sua capacidade de não se levar tão assim a sério (afinal, é uma reunião de amigos para fazer boa música). E a segunda é a excelência com que o álbum é construído, entre a reverência ao legado da música brasileira e o exímio talento de seus participantes. (André Felipe de Medeiros)
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