Pedro Indio Negro e a cena ‘queer’ do Nordeste Brasileiro
Na semana passada, no dia 08, Queremos! LAB trouxe edição com Mateus Fazeno Rock e Jonathan Ferr, o que gerou oportunidade de conhecermos mais da cena experimental cearense, com uma galera boa fazendo paradas interessantíssimas. Hoje, dia 17, o evento chega à sua terceira semana e vai contar com o encontro da carioca Ilessi com o paraibano Pedro Indio Negro. Ela já tem uma carreira longa, de mais de 20 anos, somando colaborações diversas com Guinga, Thiago Amud, Diogo Sili, Cacá Machado e a banda Vovô Bebê, além de álbuns como a homenagem ao violinista/bandolinista Pedro Amorim e ao poeta e compositor Paulo César Pinheiro (ex-companheiro de Clara Nunes), intitulado Brigador (2015), Mundo Afora: Meada (2018) e Dama de Espadas (2020).
Já Pedro Indio Negro teve seu primeiro trabalho, Livrai-nos do Mal, publicado em setembro desse ano. De família de músicos (é filho da cantora paraibana Glaucia Lima, que participa do disco junto a Manu Lima, irmã de Pedro), Pedro integrou o grupo Flor de Pedra (que tem um EP homônimo lançado em 2016) e faz parte de um de uma leva incrível de músicos nordestinos queers – alguns mais e outros menos conhecidos, mas todos com abordagens lindas à música, com letras que exaltam o amor poético e cotidiano e a urgência de viver com sensibilidades singulares.
Por exemplo, Hiran, rapper de Alagoinhas (BA), já tem na pista os discos Tem Mana no Rap (2018) e Galinheiro (2020), este último contando com participações de Illy, Tom Velloso e Majur. Lágrima, um de seus maiores sucessos, teve participação de Gloria Groove, Baco Exu do Blues e Àttooxxá. Foi apadrinhado por Caetano Veloso, já dividiu palco com nomes como Daniella Mercury, Larissa Luz e BaianaSystem, mas resolveu apontar sua criação artística numa outra direção em 2021: Voltou do Rio para a Bahia e bolou com os amigos o EP visual História, que conta com a participação de Linn da Quebrada, Margareth Menezes e Wendel.
Tem também Jáder, paraibano que lançou em 2022 Quem Mandou Chamar??? (já devidamente comentado aqui no Música Pavê nas dicas de lançamentos do mês de junho). Luxuoso, visualmente performático e divertido, o cantor leva pro piseiro e pras pistas de forró uma pá de vivências que geralmente não estão nessas arenas, e isso é de um salto de valor inestimável.
Nome importantíssimo da arte queer brasileira, a soteropolitana Ventura Profana vem numa proposta ambiciosa e ampla: Poeta, artista visual e musical, fazendo sempre uma abordagem quase acadêmica e religiosa sobre os conceitos das experiências trans. Além de um EP lançado em 2020 (Traquejos Petencostais para Matar o Senhor, produzido com Podeserdesligado), já participou de trabalhos de Linn da Quebrada, Alice Guél e Badsista.
Impossível deixar de citar Potyguara Bardo, cantora drag do Rio Grande do Norte que acena pro pop, rock, reggae e baladinhas deliciosas em suas músicas pelo menos desde Simulacre (2018), até hoje seu único álbum lançado – mas Comédia Romântica, seu próximo álbum, já tá na cozinha e quase pronto. É questão de tempo pra saber por quais psicodelias a mais ela vai nos levar em suas explorações artísticas originais, divertidas e sempre sensíveis.
Por último, nunca é demais falar do Bruno Capinan. Da Bahia para o mundo – hoje mora no Canadá -, e que também já pipocou aqui pelo Pavê nesse ano em alguns momentos, sempre falando sobre amor, amar e denunciando o quanto o mundo nos tira as potências de sermos o melhor que podemos ser: nós mesmos.
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