Dicas de Discos do Mês: Junho/2022

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de junho de 2022.

Xênia França – Em Nome da Estrela

O segundo disco é sempre um grande desafio para uma artista, principalmente quando o primeiro é bem recebido por público e crítica. Com Em Nome da Estrela, Xênia França passou nesse teste com louvor! Que disco maravilhoso! Com uma pegada R&B, com toques de soul, e claro, de música brasileira, esse é daqueles álbuns que você ouve de cabo a rabo sem pular nenhuma faixa. E ainda conta com as grandes participações de Arthur Verocai (ponto alto do disco) e Rico Dalasam. (Diego Tribuzy)

Jáder – Quem Mandou Chamar???

O cantor e compositor pernambucano taca azeite no piseiro e deixa tudo o mais sensual e honesto possível em seu primeiro disco. Não satisfeito em trazer participações especialíssimas, como Johnny Hooker e Riquelma da Batera (ex-Aviões do Forró e Mastruz com Leite), ele cumpre com louvor a missão de falar das experiências românticas queers no mundo do forró, com marcas de pop e da pisadinha e com músicas facilmente viralizáveis. (Vítor Henrique Guimarães)

Filipe Ret – Lume

Em meio a eterna discussão sobre legitimidade dentro do hip hop, o novo álbum do MC carioca dialoga habilmente entre o trap e o funk, resultando em seu trabalho mais bem acabado. Soando como uma compilação de hits, as faixas se sucedem com ótima sintonia, elevadas por feats acertados de gente como Poze do Rodo, Anitta, MC Hariel e MC Cabelinho, entre outros. Mais um belo exemplo de música brasileira contemporânea: Ret enxerga longe. (Eduardo Yukio Araújo)

Lizette Lizette – Miss Gendered

O terceiro trabalho da cantora sueco-peruana é mais um hinário synthpop. Em certos momentos, ela te coloca bem no meio do fervor sintético dos anos 1980. Em outros, ela vai ainda além e você se perde num mundo onírico de hypnagogic pop que ela criou com primor. Por sorte, em nenhum desses momentos você se perde ou deixa de se emocionar. Não é um disco leve – o processo de matar o Junior não o é -, mas é certamente encantador. (Vítor Henrique Guimarães)

Angel Olsen – Big Time

Em seu sexto álbum, a cantora e compositora norte-americana se conecta de forma  profunda às suas raízes na música country. Big Time é emocional, melodioso e cheio de baladas que exploram a vulnerabilidade de uma Angel Olsen que se apresenta mais forte do que nunca em suas letras. Ao final da audição, fica a vontade de revisitar a discografia da artista e observar os caminhos que a trouxeram até aqui. (Thaís Ferreira)

gorduratrans – zera

A dupla carioca retorna com um álbum de sonoridade mais “cheia”, permitindo que timbragens ganhem maior espectro. Mas não é apenas um ajuste sônico: a banda apresenta composições que pedem, de fato, um arcabouço atmosférico. A dinâmica de banda é brilhante, guitarras se esgueiram por caminhos e sonoridades, crescendos de fúria controlada excitam os ouvidos. E, por último mas não menos importante: há emoção permeando cada acorde. (Eduardo Yukio Araújo)

saudade – bem vindo, amanhecer

Encapsuladas por duas faixas instrumentais (uma de abertura, outra de encerramento), oito canções calorosas, suingadas e sempre muito simpáticas formam o sucessor do introspectivo jardim entre os ouvidos (2020). Em seu novo disco, Saulo Von Seehausen e banda (entre grandes parcerias e timbres de sopro) abraçam a vontade de viver (e de viver bem) após o tempão de isolamento que precisamos atravessar. Agora, é hora de dançarmos juntos. (André Felipe de Medeiros)

Nova Twins – Supernova

É difícil estar suficientemente preparado pra verdadeira pedrada que é o segundo álbum da dupla norte-americana. É de fazer doer o ouvido e vibrar cada neurônio, de deixar o cérebro sem espaço pra nada além de uma rodinha de 31 minutos. Rock industrial com hip-hop, com leves toques de pop e muita bateção de cabeça para fãs de Willow, Korn, Linkin Park e Avril Lavigne. (Vítor Henrique Guimarães)

Soccer Mommy – Sometimes, Forever

Sophie Allison, a garota por trás da banda, poderia ser apenas uma compositora de músicas melancólicas. Crescendo com Taylor Swift como exemplo de letrista e um arsenal de referências de guitarras noventistas, sua banda acabou por chamar a atenção por exceder a expectativa do indie ortodoxo. Havia mais profundidade nos versos tristes, mais qualidade nas harmonias. Com produção do experimentalista Daniel Lopatin, o álbum conecta eletrônica soturna e eleva a qualidade já demonstrada anteriormente. (Eduardo Yukio Araújo)

Yaya Bey – Remember Your North Star

Em seu quarto LP, Yaya Bey nos deixa testemunhar uma exploração de suas raízes familiares e traumas, enquanto brada hinos de autoconfiança. Com um som R&B mais cru e rasgado, os vocais da cantora são impecáveis e brincam com as palavras. Mesmo nos trechos falados, a artista tem melodia na voz. Na produção, a única garantia é a imprevisibilidade. As faixas são completamente mutantes e às vezes soam como duas músicas diferentes. O disco também tem pitadas de jazz, hip hop e reggae. (Guilherme Gurgel)

Montparnasse Musique – Origins 

No ano passado, a dupla composta pelo produtor franco-argelino Nadjib Ben Bella e pelo sul-africano DJ Aero Manyelo convidou bandas centro-africanas para lançar um EP envolvente e animado como mandam as tradições. Dessa vez, sem as participações especiais, eles mostram ao mundo a sonoridade singular do projeto, recheada de influências que vão das texturas vivas do deep house ao preciosismo sombrio do gqom e com ritmos definidamente afrocêntricos, mostrando aonde está o afro do house. (Vítor Henrique Guimarães)

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