¡Que Guapo! Entrevista: Refree

Raül Fernández, o Refree, é uma das pessoas mais relevantes dentro do exitoso contexto atual da música catalã. No final do ano passado ele lançou Matilda, seu quinto trabalho em estúdio, um disco de autor repleto de arranjos orquestrais e letras sedutoramente delicadas.

Matilda seria o nome do primeiro bebê de Raul se fosse uma menina; não faz tempo nasceu um menino e então o disco que estava em processo de gestação foi batizado assim. Esse universo embrionário (tantos poderes latentes em corpos extremamente frágeis) é notório nas 11 canções que parecem tentar colocar a vida nos braços e niná-la.

O Música Pavê conversou com Refree sobre Matilda, música catalã, música brasileira… Confira:

Música Pavê: Matilda é seu trabalho mais pessoal. Como foi o processo (fazia três anos desde Els invertebrats) que lhe trouxe a esta proposta?

Refree: Eu queria poder trabalhar com mais liberdade; depender, de certa forma, só de mim mesmo naquele momento, obedecer meu próprio ritmo. Por isso o Matilda, apesar de ter colaborações de Brad Jones, Maria Rodes, Nacho Umbert e Josh Rouse, é um trabalho tão pessoal.

MP: Por que a ruptura com o jazz?

Refree: Não sei se há uma ruptura. Talvez o jazz não me interesse tanto porque eu prefiro as harmonias à improvisação e porque neste disco trabalhei sozinho. Pode ser que antes comparavam minhas músicas com jazz por causa dos arranjos mais elaborados. Parece-me que existe a ideia de que o pop não pode ser complexo e eu discordo dela. Na verdade não é que ele deva ser complexo, mas que ele pode dispor de instrumentos e arranjos tão interessantes como os estilos considerados inerentemente complexos.

MP:Por que você canta às vezes em catalão e às vezes em castelhano? É uma etapa anterior a cantar em catalão?

Refree: Não é uma decisão de cantar em castelhano ou catalão. Eu sou acostumado aos dois idiomas e algumas canções me saem em catalão, outras em castelhano; dependendo da canção um idioma funciona melhor do que o outro.

MP: O que é a Marxophone? Por que a necessidade de criá-la e quais as diferenças em relação a uma gravadora convencional?

Refree: Com essa estória de ser pai eu tinha vontade de que o meu trabalho fosse meu mesmo, queria poder deixar algo para o meu filho. Nacho Vegas e Fernando Alfaro também fazem parte da Marxophone, mas cada um é responsável pelo seu próprio trabalho e também temos a colaboração da agência de management I’m An Artist.

MP: Outros músicos ou grupos serão convidados à Marxophone?

Refree: Não, por enquanto somos e seremos nós apenas.

MP: Você é polivalente: produtor, compositor, músico. É um dos personagens mais ativos e importantes na atual cena catalã. Você vê esse momento especial de que tanto se comenta na imprensa?

Refree: Ah, sempre foi difícil ter algum êxito com a música aqui e agora que a situação está um pouco melhor, parece que está muito melhor. Há ótimas propostas, talvez mais do que havia antes, porém a diferença principal é que as pessoas estão mais habituadas a ouvir música em catalão e isso ajuda.

MP: Quais outras propostas catalãs lhe interessam?

Refree: Maria Rodés, El Petit de Cal Eril, Antònia Font, Manel… há várias.

MP: Você conhece algo de música brasileira?

Sim! Eu adoro música brasileira! Já estive no Brasil três vezes, toquei no sul, no nordeste. Sou fã de Caetano Veloso, Novos Bahianos… Ouço bastante música brasileira, vocês são muito bons!

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