Mombojó É Coisa de Cinema

Mombojó é daquelas bandas que nos permitem ter sempre as expectativas altas. Ao olhar para sua discografia, videografia e carreira nos palcos, vemos um grupo que sempre busca inovar em algum aspecto, com produções longe da mesmice, conquistando assim respeito e carinho de crítica e público. Por isso, não é de se estranhar – ainda que seja uma belíssima surpresa – saber que seu próximo lançamento não é um mero disco, mas um projeto multiplataformas.

“A gente quis se aventurar em outros formatos”, contou o vocalista Felipe S ao Música Pavê por telefone, “sempre quis se misturar com outras artes, acho que só faltava um maluco mesmo que topasse (risos)”. A pessoa em questão é Luan Cardoso, que produziu e dirigiu Deságua, filme montado a partir de nove videoclipes lançados pela banda desde 2018. E a ideia agora é transformar as faixas no disco Trilha Sonora Original do Filme Deságua, que terá as cenas do longa exibidas durante o show.

O vídeo acima contém os clipes já na ordem que montam Deságua. Felipe conta que a ideia – que antes era apenas adiantar um novo disco com alguns videoclipes – evoluiu entre o segundo e o terceiro lançamento, “mesmo na loucura do baixo orçamento”. “A gente deixou carta branca total para Luan e Ana Souto, que conduziram o enredo e nos mandavam [o roteiro] para algumas sugestões”, conta ele, “a gente queria que fosse algo no meio termo, que não fosse literal (em relação às letras), mas que tivesse uma cadência que poderia combinar com as músicas”.

Ao longo das cenas, é interessante notar como a São Paulo onde Mombojó hoje mora se desenvolve como um cenário vivo para o som de uma banda que, em outro momento, era referência para o som que vinha de Pernambuco. “Eu tô aqui há doze anos, a maior parte da nossa obra foi produzida já aqui em SP”, conta Felipe, “é muito interessante ver bandas que não têm um território muito fixo, tipo francisco, el hombre – eu nem sei de onde eles são (risos). E aqui tem gente do mundo inteiro, principalmente do Brasil. Muita gente da cena de Belém, Goiânia, Rio, de Recife mesmo. É uma troca muito boa”.

Quando perguntado sobre como ele vê poder lançar um projeto desses ao se lembrar do início da banda, Felipe conta: “Hoje em dia, eu valorizo muito o começo de carreira. Eu sempre achava que a gente não estava bom e tinha que melhorar muito, não valorizava o que a gente tinha feito ali no comecinho. Para o primeiro disco, a gente passou três anos produzindo, todo mundo da banda trabalhando nos arranjos – sete cabeças de jovens pernambucanos, cada um de um contexto diferente do outro, se dedicando àquelas músicas. Vejo hoje como isso foi especial”.

Para a produção de Trilha Sonora Original do Filme Deságua, a banda contou com diversas participações, como Hervé Salters (General Elektriks). Ao ser perguntado sobre como as parcerias se firmaram, Felipe comenta que elas vieram de ocasiões espontâneas – de um encontro com Lenine, um show com Baleia (daí ter vocais de Sofia Vaz no disco) e uma gravação com Guilherme Arantes. Mostra muito da natureza do grupo, que parece buscar sempre unir pessoas e ideias a favor de uma música multifacetada.

“Mombojó nasceu da amizade de dois artistas plásticos – meu pai e a mãe de Marcelo e Vicente, baterista e guitarrista da banda. Por sermos filhos de artistas, acho que sempre circulamos em outras áreas, em exposições, com amigos do cinema… então a gente sempre teve essa vontade de misturar. Acho muito interessante viver essas outras situações e produzir fora do contexto de fazer uma música para um show”.

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