Seis Músicas para Conhecer a Cena Brasileira de Bedroom Pop
Como sugere o nome, bedroom pop [‘pop de quarto’, em tradução livre] é a criação de músicas em casa, especificamente, no quarto. Embora tenha ganhado muita força ao longo da pandemia, o gênero não apresenta um conceito novo, pelo contrário; canções feitas e produzidas em espaços caseiros existem há décadas.
Bruce Springsteen, por exemplo, gravou algumas canções em casa em um aparelho portátil no início de 1982, como conta Greg Milner no livro Perfecting sound forever (2010). Para a mixagem final, usou um boom box – e o músico guardou a fita cassete no bolso da jaqueta jeans. Apesar de não ser preservada com proteção adequada, a gravação rendeu Nebraska, disco lançado no fim daquele ano.
De fato, o bedroom pop flerta muito com a proposta do lo-fi (simplificado, a música pop em baixa definição). Ainda, o estilo se concentra na ideia do aconchego sonoro, com uma estética inundada pela suavidade e exposição de vulnerabilidades, o que torna o gênero satisfatoriamente identitário.
Em solo brasileiro, o estilo é reinventado a partir das brasilidades, que influenciam diretamente na proposta musical. Apesar de manter as particularidades, o gênero ganha novos significados com uma sonoridade mais múltipla — e traz representantes sensíveis no Brasil. Pensando nisso, listamos seis músicas para conhecer a cena de bedroom pop do país.
Matheus Who – Acontece
Precursor do bedroom pop no Brasil, Matheus apresentou o disco de estreia da carreira em 2021, A Dobra No Espaço-Tempo. Acontece, delicada faixa que integra o álbum, representa significativamente a estética do gênero, e brinca com o lo-fi caseiro e o hi-fi da produção no estúdio.
Clarissa – Ela
Até as canções mais agitadas da discografia de Clarissa, como nada contra (ciúme), transbordam a suavidade da artista. No EP homônimo, e de estreia da carreira, a cantora revisitou as vulnerabilidades – característica costumeira no estilo – e, dentre as faixas, Ela consegue sintetizar grandiosamente a proposta do gênero.
belina – a gente não tem nada a ver
Formada por Gabriel Moulin, Gabriel Diaz e Bruno Mozelli, belina traz as singularidades do bedroom pop de um modo único, somando sonoridades brasileiras e dançantes. Com isso, faz um trabalho visceral e autêntico. |a gente não tem nada a ver representa essa identidade original da banda.
Choraz – Acreditei Sozinho
Choraz (Dyonata Brendo) sabe como fazer uma impressionante combinação da estética do bedroom pop com brasilidades. Para o álbum de estreia, O Melhor de Nossas Vidas, apostou em uma mescla de produção em estúdio caseiro e de parceiros; e a faixa de abertura, Acreditei Sozinho, é um convite certeiro para se aprofundar nos desdobramentos do gênero no Brasil.
Sofi Frozza – Epicuro
Com uma discografia majoritariamente produzida pelo celular, Sofi Frozza é um destaque de criação do bedroom pop. A cantora transborda a estética ao longo das canções: suavidade em lírica, vocal e sonoridade. Epicuro é um exemplo perfeito da representação da artista para o gênero.
YMA e Gab Ferreira – Summer Lover
Apesar de ambas as artistas flertarem mais com o dream pop e apostarem mais em paisagens sonoras intensas com sintetizadores, a parceria em Summer Lover concentra uma forte estética do bedroom pop. A faixa soma significativamente ao cenário sensível e afável em solo brasileiro.
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