Titãs: “O que importa é alcançar as pessoas”

Em comemoração aos 40 anos de carreira, Titãs lançou neste mês o disco de inéditas Olho Furta-Cor. Com catorze faixas, a atual composição da banda explora as diferentes dimensões da linguagem da banda: O rock brasileiro, já consolidado nas quatro décadas que se passaram. Em entrevista ao Música Pavê, Sérgio Britto e Tony Bellotto falaram sobre a experiência de fazer o 17º álbum de estúdio, que acaba por ser um retrato do Brasil – e do mundo – atual.

A longa estrada e o trabalho consolidado de Titãs dá a eles uma liberdade para não se prender ao que se espera deles, mas, sim, fazer a arte que os representa. “A gente tem que se adaptar, mas o que importa é alcançar as pessoas e, alcançando as pessoas, é fácil: a pessoa se identifica ou não com o que você diz”, diz Britto.

Os músicos contam que as composições começaram a ser feitas durante o período de isolamento social.  “A pandemia ajudou a direcionar os temas e a visão que passa o disco, a gente ia compondo isoladamente e ia trocando gravações”, relata Bellotto.

Em alguns momentos de Olho Furta-Cor, a referência ao momento pandêmico é mais explícita. Na faixa Há de Ser Assim, Titãs canta: “A cura dos outros vai salvar você”. Em outras passagens, a banda reflete sobre outros aspectos do isolamento. Britto compôs Papai e Mamãe pensando no que sua filha e outros adolescentes pelo mundo viveram nos últimos tempos.

As críticas políticas e posicionamentos da banda também transparecem no disco. Em Apocalipse Só, com a participação de um coral indígena, os músicos rejeitam a política de destruição ambiental que opera no país. “Aquele canto (indígena) que a gente usou na gravação me inspirou a gravar o riff. Com as notícias de desmatamento, invasão de terras de povos indígenas, me veio essa ideia de apocalipse”, detalha Bellotto.

Outro ponto alto do disco é a faixa Caos, que foi a abertura dos trabalhos do álbum, lançada como primeiro single. O rock revolucionário é uma composição de Rita Lee, Roberto Carvalho e Beto Lee. Para Bellotto, o presente que a banda ganhou não tinha como não ser a primeira faixa divulgada. “É uma música que comenta de uma maneira irônica e bem-humorada, mas sem deixar de cutucar e ter um veneno político muito forte, que é importante neste momento”.

Olho Furta-Cor, além de retratar o cenário atual do país, retrata também o estágio atual da banda. 40 anos depois, Titãs ainda tem muito a dizer e, como diz Sérgio Britto, eles sabem disso: “No nosso vocabulário tem vários ingredientes de vários gêneros musicais, mas a gente sempre privilegia muito as canções. Podem ter diferentes roupagens, mas continuam fazendo sentido e dizendo algo relevante”.

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