Joana Queiroz: “O sopro é muito conectado com o canto”

Tempo Sem Tempo reforça uma ideia já conhecida: A de uma discografia sólida que vem sendo construída por Joana Queiroz (da banda Quartabê), na qual ela mostra seu talento como clarinetista, compositora e, especialmente neste lançamento, produtora. Isso porque a jornada criativa desse trabalho deu-se de forma inédita em sua carreira.

Falando ao Música Pavê por telefone, ela explicou que o processo neste seu terceiro disco foi “completamente diferente de todos os outros, baseado nos loops. Essas novas músicas são cíclicas, todas têm o mesmo processo. As dos outros anos, eu sentava no piano e pensava o arranjo, a estrutura harmônica e as melodias”. Em outras palavras, “elas passavam do papel para o clarinete”, enquanto desta vez elas nasceram “tocando”.

Essa nova forma de produção deu um novo fôlego, e um caráter experimental, não só às suas músicas, mas também a canções de outros compositores. “Foi um processo longo até essas músicas chegarem, até eu entender que eu tinha que tocá-las”, conta Joana, “elas foram chegando e requerendo seu espaço, fui experimentando muito e, quando terminei o processo, elas já eram outra coisa”.

Mesmo em meio a loops e experimentações, há um conteúdo muito orgânico que salta à audição facilmente. Ela explica essa característica como algo natural do trabalho com instrumentos de sopro: “Diferente dos instrumentos harmônicos, é uma forma muito mais fluida e linear. O sopro é muito conectado com o canto, a voz e as notas mais longas”.

“Acho que tem também o caráter das músicas, que eram o que eu precisava falar nesse momento – o meu estado de espírito musical mais intimo tinha a ver co esse universo de músicas não muito objetivas, mais etéreas. E tem muito a ver com nosso estado emocional, psicológico, na fase que a gente está passando. A música é uma expressão direta do que a gente está sentindo, ainda mais em um disco pessoal, em um processo solitário. As coisas que estão fazendo sentido para você, ou que refletem coisas que você viveu, você reconhece naquelas músicas”.

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