O Underground Carioca por Balla e os Cristais

foto por gabriela perez

Jogo do Bicho é o disco de estreia da banda carioca Balla e os Cristais. Lançado hoje, 25, ele apresenta vivências de Rafael Balla e seus comparsas pela cena independente do Rio de Janeiro, como o próprio músico contou ao Música Pavê por telefone.

“São questões sobre nossa existência como artistas no lugar onde nos encontramos, o underground”, diz Balla, “um crônica urbana do que é ser artista underground, sobre como a cidade encara seu meio musical. É uma série de desabafos sobre como é existir nesse lugar”.

Com mixagem do “padrinho” JR Tostoi, Jogo do Bicho dá forma ao discurso da banda através de uma estética própria dessa cena comentada – a intersecção entre o indie e o rock contemporâneo com a música referencialmente brasileira, como o samba e o baião. “Eu não sou um roqueiro normal, passei a vida inteira ouvindo samba”, conta Balla, que descreve Acabou Chorare como “minha bíblia, o melhor disco da história”. “Tudo isso acaba se traduzindo em uma expressão misturada e brasileira”, continua ele, “é o nosso DNA, algo que não tem como escolher quando nosso berço é esse”.

E como todo lançamento que se propõe a ser brasileiro em 2020, no meio de diversas crises que o país atravessa, o conteúdo crítico do disco se aplica a um cenário muito maior do que a cidade do Rio e sua cena independente, servindo para comentar também a nação como um todo. “Não é nosso intuito fazer ‘música política’, mas sim uma ‘música politizada’, que não seja alienada do que está acontecendo”, explica Rafael Balla, “ela fala dos nossos relatos, da concentração da burguesia na música carioca – que é muito elitista, muito blindada e não alcança as pessoas”.

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