U2 ao vivo em Sampa: Não fui, mas ouvi tudinho

Gosto de shows como qualquer outro amante de música. Toda a ansiedade para começar, as conversas com desconhecidos que tem aquela banda em comum, a materialização do som que tanto ouvimos ali, na nossa frente – aprecio cada detalhe. Pois minha experiência no último show do U2 em São Paulo (em 13 de abril) foi tão emocionante quanto qualquer outra apresentação de uma grande banda, mas com algumas diferenças. A maior delas foi estar em casa enquanto tudo acontecia no Estádio do Morumbi.

Por mais que eu não more longe do local, não digo que tive a experiência do show por ter ouvido o som reverberado pela noite paulistana. Na verdade, escutei todas as músicas perfeitamente através da transmissão do Terra Sonora, em uma qualidade impressionante que me proporcionou uma oportunidade mais completa do que eu esperava.

A ideia de ouvir o show sozinho no meu quarto não me parecia muito convidativa. Alguns amigos (principalmente os de fora de Sampa – e até mesmo de outros países) estavam animados, mas confesso que não dei muita importância, principalmente por ser apenas áudio, sem o vídeo. Até que chegou o momento e a audição gerou uma coletividade inesperada entre eu e meus contatos – sejam amigos próximos ou apenas conhecidos.

Naquela arte de trocar de janelas pelo computador, comentamos cada momento da noite em nossas redes sociais e nos programas de mensagens instantâneas, o que era possível já que estávamos só ouvindo, nessa dinâmica tão particular que o vídeo impossibilitaria. Li posts de gente chorando, fazendo piada, rindo, perguntando o nome da música, comentando como foi ouvir aquela canção no passado e declarando seu amor à banda.

De fato, parei tudo o que estava fazendo e dei atenção somente ao show, mas de uma maneira que eu nunca tinha experimentado antes. Não, não foi a mesma coisa de estar lá, mas foi algo particularmente interessante. Pude mandar a letra da música para alguém, fazer comentários dos mais diversos até mesmo com desconhecidos e, acima de tudo, aproveitar a apresentação de uma banda que tanto gosto.

Eu não pude ir ver o U2 ao vivo no Morumbi, mas a transmissão online não foi uma espécie de “prêmio de consolação” para quem estava em casa. Foi um evento único com uma dinâmica própria que eu gostaria que acontecesse sempre que uma grande banda se apresentasse por aqui. Eu continuaria indo em todos os shows que eu pudesse, mas feliz com a oportunidade de estar em casa durante o concerto.

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