Luiza Casé comenta seu “Mergulho”
“Para mim, a criação está vinculada à ampliação da percepção”, contou Luiza Casé ao Música Pavê por telefone, “se você está conectado com as suas percepções, é daí que surgem seus insights, suas observações sobre o mundo. Quanto mais estímulos, melhor, não interessa de qual sentido eles vêm”.
Conhecida inicialmente como atriz, a artista acabou de lançar seu primeiro álbum, Mergulho. O trabalho traz composições de Luiza co-produzidas por Arto Lindsay e Thiago Nassif, estilizadas em uma música essencialmente pop, contemporânea e brasileira que ampara o conteúdo pessoal das letras.
No disco, ela fala da sua vida “abertamente, de prucessos que eu estava vivendo em cada momento”, em suas palavras. “Eu não tenho essa barreira entre o pessoal e o que está exposto”, comenta ela, “eu não me sinto nem um pouco mal com isso, tenho mais propriedade pra falar das coisas que vivencio. Gosto de experimentar uma sensação e ampliar o que sinto pela música”.
Ainda sobre as letras de Mergulho, Luiza conta: “Não quero um papo pra baixo, mas eu acho importante falar que eu tenho depressão desde uns 15, 16 anos, e isso me deixou muito voltada para um universo interior. Você observa esses aspectos e vive intensamente seus pensamentos. Eu não consegui achar outro caminho de falar de mim que não fosse de forma aberta e transparente”.
Luiza afirma que todo o processo de transformar suas experiências íntimas em formato álbum foi “um sonho que eu nem sei se eu tinha muita coragem de sonhar, só fui fazendo sem pensar muito”. Segundo ela conta, o trabalho com os produtores foi importante para que ela “continuasse acreditando que era possível”.
Vale notar que, em um tempo em que muitos novos artistas gravam e lançam trabalhos calcados na música eletrônica, ela preferiu trazer um som mais “de banda” para suas músicas. “Tem a ver com o meu gosto em geral e com quem eu sou”, explica Luiza, “eu aprecio o orgânico, a natureza, o ao vivo – amo fazer show -, o contato, amo a verdade”.
Entre a formação de banda, alguns sintetizadores e timbres de sopro, há muito espaço entre os sons presentes em Mergulho. Ao ser provocada com a ideia de que o álbum é mais aéreo do que aquático, mais “voo” do que “mergulho”, ela ri e comenta: “Sempre brinquei que [a faixa] Mergulho era um ‘mergulho’ mesmo, mas Me Leva era um voo. Me faz todo o sentido isso, porque você tem que saber mergulhar pra poder voar (risos). Se a gente não se conhecer, fica mais difícil se sentir livre e leve”.
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