OK Go – Upside Down & Inside Out

Esta resenha será dividida em duas partes. Na primeira, consta o que o redator quer dizer, enquanto a seguinte carrega o peso daquilo que o autor sente que precisa ser dito.

Metalinguagens à parte, Upside Down & Inside Out é mais uma espetacular produção da banda norte-americana OK Go, que impera absolutamente no posto de grupo mais original dentro do universo “clipeiro”. Novamente, somos contemplados com um show de bom humor e inventividade capaz de deixar boquiaberto todos os públicos – desde os fãs mais dedicados ao formato do videoclipe até o grande público.

Para isso, a banda (ao lado da diretora Trish Sie – não por acaso, irmã do vocalista Damien Kulash) utiliza-se de três fundamentos básicos para a construção da narrativa e do seu fator espetacular. O primeiro é a decisão de fazer algo que demande um grande e explícito esforço logístico e, nesse caso, físico: Gravar o clipe inteiramente em gravidade zero em um avião da empresa Russian S7 Airlines. Isso não só traz grandes possibilidades cênicas como também chama a atenção de qualquer um para acompanhar o vídeo.

O segundo, e tão importante quanto, é a escolha de gravá-lo inteiramente sem cortes (recurso conhecido como “plano sequência“), o registro ideal do já mencionado esforço que foi realizar uma produção dessas (algo capaz de impressionar qualquer leigo, assim como os entendidos do audiovisual). E o terceiro alicerce é um dos mais inteligentes, que é o não-contentamento com todo esse contexto e a busca por surpreender e entreter o espectador cada vez mais ao longo da narrativa.

Não é a primeira vez que OK Go usou sabiamente essa ideia – e o clipe de I Won’t Let You Down talvez seja o melhor exemplo disso. Ao contrário da grande maioria por aí, a banda entende que não basta ter apenas um conceito impressionante, mas explorá-lo mais e mais ao longo da duração da música é fundamental para manter o nível de animação do espectador sempre alto, do início ao fim. É essa megalomania que faz com que suas produções sejam não apenas excelentes, mas absolutamente incríveis. E o divertidíssimo Upside Down & Inside Out entra para sua videografia como mais uma obra-prima digna da viralização que recebeu (e a estratégia de lançá-lo exclusivamente no Facebook no mesmo dia em que Kanye West quer roubar toda a atenção do mundo com o lançamento de seu The Life of Pablo foi certeira).

Eis, porém, uma problemática já exposta por tantos antes, mas que merece ser relembrada hoje: OK Go, cada vez mais, coloca sua integridade como banda arriscadamente à prova com cada lançamento desses ao vermos que o valor de seus videoclipes ultrapassa em muitos níveis a qualidade de sua música. Você que acompanha a banda há um bom tempo através de seus vídeos consegue nomear ou cantarolar quantas de suas faixas?

Pior ainda é pensar que uma música dessas, quando ouvida apenas no disco, sem o acompanhamento visual, tem muito menos graça. Isso pode nos levar a pensar, inclusive, no quanto a banda compõe pensando já no formato clipe, uma inversão de valores que faz com que OK Go seja um ponto fora da curva em todo o mercado, de longe o caso mais bem sucedido de uma “banda de videoclipes”. Contudo, há de se questionar o quanto vale a pena abdicar da reputação musical em favor da exposição adquirida pelo grau espetacular com que seus vídeos são recebidos, principalmente a longo prazo.

Avaliação MP:  5/5  

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