O Silêncio em Movimento de Caio Castelo
Rui o castelo de quem faz música óbvia, que mora dentro de padrões estabelecidos e meramente comerciais, longe da tentativa da ousadia. Esta é a Internet, ao menos para quem gosta música que injete borboletas no estômago ou lhe faça pular da ponte do cotidiano rumo ao desconhecido artístico de além comodismo. Não se precisa de emissoras de rádio e televisão para dizer às pessoas o que elas devem ouvir. Boas opções mil estão na Web, foco principal de quem ama música interessante e inventiva. O que fica, como mote e referência, é a opinião de alguns veículos da Internet. É que as opções musicais acabam sendo tantas e tantas que se ganha tempo ao ouvir artistas recomendados, já filtrados da leva imensa de possibilidades musicais da rede. Ainda assim, outra vez, são muitas as opções, mesmo que recomendadas. Há milhões de possibilidades. No entanto, não desista logo agora, não antes sem ouvir Caio Castelo. Criador de uma música inventiva que nos desperta o mundo, à poesia, e nos leva ao estado do Ceará, sua terra natal. Não um Ceará folclórico, estereotipado. O que você escuta é música cearense, brasileira, em português, mas do mundo. É música para diversão, mas faz pensar. É música para contemplação, mas que entretém. Música para dançar, mas inventiva. Seu disco Silêncio em Movimento é rebelde quando se considera que não é possível rotulá-lo e transgressor quando nos dá a poesia que nos tira de si. Ele faz música, o que já não é pouco. Poesias muito bem casadas com suas melodias, um conjunto harmônico agradável e arranjos interessantes.
De suas doze faixas neste álbum, um exemplo apenas: Caio Castelo não é óbvio. Transcrito uma de suas poesias músicas, Pacto de Sombras, décima faixa do disco, que fala de amor, mas sem citá-lo. Quando o poeta usa desses recursos ele leva seu leitor a um universo de possibilidades interpretativas. Um universo que surge em frente, em cima da cabeça, para se falar de duas pessoas ou situações.
“As sombras não se ferem, não se vestem, não se vão. Fazem do abismo um escorregar e do escuro uma multidão. Como era bom se embriagar de poesia até vomitar o peso tanto das palavras. Perder a vergonha e não achar mais. Quando nós fizemos nosso pacto de sombras, por simples medo de ver sangue e agulha, juntamos mais que antes, bem mais. Já que vamos arrancar o branco da parede, eu quero sentir sua fome e sua sede. Misturar destinos cada vez mais.”
Em sua página, Caio diz que a canção Pacto de Sombras é a mais simples do disco, que tem apenas três acordes e fala sobre presença, sobre estar por perto. Penso o que muitos já sabem: Ser simples não é, definitivamente, fácil ou óbvio.
Estamos na Internet, dentre um mundo de músicas e músicos e possibilidades que nos chega. Neste mundo, que também é nosso, Caio Castelo já pode se sentir em casa.
Baixe todo disco Silêncio em Movimento no site oficial de Caio Castelo e curta sua página no Facebook.
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