EP: “Underground”, de Jonas Carping
Não me lembro o contexto, mas estávamos nós na redação do Monkeybuzz há uns meses conversando sobre como o gênero folk, assim como a música eletrônica, consegue ser um dos mais inventivos estilos hoje em dia. Parece que, naturalmente, é um som que convida novos instrumentos e mescla vertentes, ao ponto que nunca consegue soar datado, ainda que pareça atemporal. Além disso, esse é o campo que parece concentrar o maior número de músicos fluentes em nos surpreender com a beleza de suas composições – tanto em letra, quanto em melodia.
Digo isso por que foi o que pensei também nos últimos dias ao ter contato com a obra de Jonas Carping. O sueco, que é conhecido na cena local como vocalista da banda The Glade, lançou essa semana o EP Underground – que traz duas canções que estarão em All the Time in the World, seu primeiro álbum solo, e outras duas que ajudam a nos revelar seu talento e a riqueza de sua composição e interpretação.
A faixa-título traz uma melodia pop doce que contrasta com o grave vocal de Jonas, claramente influenciado por Leonard Cohen em um trabalho que lembra um pouco esse último disco do Lambchop. Ela é seguida de Sideways (a outra faixa que estará no LP), em que o músico puxa sua voz para um caminho mais lamentoso, acompanhado por um lindo violino.
É aí que entram os lados-B do EP, a começar por Whatever Nevermind, que continua a exploração vocal do cantor, agora acompanhado por uma tímida gaita ao fundo de um violão melancólico meio William Fitzsimmons. Uma grande surpresa vem na quarta e última faixa, Märk Hur Vår Skugga, sua versão da tradicional composição de Carl Michael Bellman, poeta e músico sueco do século 18. Carping arranja a canção de forma que ela soe coesa com as outras do disco e nos entrega uma interpretação emocionada em sua língua mãe.
Underground está à venda pelo iTunes ou no site oficial de Jonas Carping por 3,50 dólares. É uma ótima chance de conferir e apoiar o trabalho de um músico independente em um dos cenários mais ricos musicalmente de atualmente, que é o folk. É também uma boa chance de se preparar para o lançamento em setembro do álbum All the Time in the World – que eu já recebi aqui e está maravilhoso, com oito músicas inéditas (além das outras duas que estão no EP) que, particularmente, gostei muito mais do que essas. Fica a dica.
E, para quem ficou curioso, ouça uma de suas músicas com a banda The Glade.
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