Segundo Sofar+ Secret Festival: Cobertura Completa

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(fotos de Marco Estrella (exceto Instagram); textos de Arthur Krokovec, Carolina Reis, Luis Gustavo Coutinho, Anna Rinaldi e André Felipe de Medeiros)

Aconteceu no último domingo, 02 de novembro, o segundo Sofar+ Secret Festival em São Paulo, evento muito especial que só revela o local onde acontecerá poucos dias antes e o público conhece as atrações apenas na hora. Ou seja, como a venda de ingressos é feita somente antecipada, os frequentadores são sempre surpreendidos com a programação. A primeira edição aconteceu em junho e esta segunda conseguiu superar nossas expectativas e ser ainda melhor em vários aspectos, com programação variada e garantia de um domingo muito animado.

Tudo aconteceu no Red Bull Station, espaço que a marca possui no centro da cidade, sob um intenso calor pré-verão. Logo na entrada, ganhávamos cupom para uma bebida gratuita feita em um “laboratório” promovido pelos energéticos – e nada melhor do que driblar a alta temperatura e se preparar para os shows com uma bebida na mão. A primeira sala onde aconteceram os shows estava decorada com sofás, tapetes e almofadas por todos os lados (reproduzindo o formato intimista e aconchegante das edições mensais que Sofar Sounds faz pelo mundo), além de espelhos e projeções do pôr do sol em cada cidade que os eventos acontecem. As imagens, com as cores rosa, amarelo, vermelho e azul, traziam uma vibe gostosa para o ambiente.

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##Heidi Vogel

Vinda diretamente de Londres (centro de onde surgiu o Sofar Sounds), Heidi Vogel abriu o fim de tarde nas estruturas do Red Bull Station. Na parte térrea, acompanhada do trio formado por teclado (Michel Lima), baixo (Duda Lima) e bateria (Bruno Marques), sua voz ocupou o espaço – do teto alto ao chão – em melodias que hora subiam subitamente como grandes ondas e hora desciam mansas, a todo instante na sincronia natural que se fazia com a banda. Pedaços de espelho na parede compunham a paisagem de fundo do show (refletindo projeções que apareciam em outra parede), criando formas e misturas como as frases da própria Heidi – que, em um dos momentos da terceira música, cantou em português a estrofe inicial ‘Agora preste atenção, amor’).

##Phill Veras

Na sequência, o cantor maranhense tornou tudo ainda mais aconchegante. Também no térreo, Phill Veras trouxe consigo o violão e a presença de André Araújo na guitarra, combinação dupla que fluiu em timbres precisos de voz e cordas. A transição de instrumentos aconteceu na participação de Duda Brack, ao pegar o violão e compartilhar vocal no palco com Phill (que agora, estava na guitarra). Junto ao pôr do sol que já se anunciava, os ouvidos foram chamados a escutarem o som mais de perto. Ou, ‘Longe de tudo o que penso […]’, como é cantado de primeira em Taquicardia, música do seu ultimo álbum, Carpete.

Mais tarde, tivemos a honra de sermos convidados a nos juntar a um grupo de mais ou menos quinze pessoas que acompanharia uma gravação de uma session especial do músico. No estúdio de última geração comandado pela Red Bull, que faz parte de um projeto presente em várias cidades do mundo, Phill fez uma performance tocante e foi realmente única a oportunidade de acompanhar essa session que, quando lançada, funcionará quase como um “souvenir” do festival.

##Trigonotron

Som contemporâneo com intervenções em vídeo em meio a projeções bacanas. Não tinha como a banda não chamar nossa atenção, mas o melhor é que a qualidade de seu som fala ainda mais alto do que os elementos que compõem sua performance. Post-Rock, Hip Hop e MPB caminharam juntos e mandaram aquele abraço em uma das melhores surpresas do dia.

##O.C.L.A. Era o único grupo de hip hop no line up do festival e conseguiu reunir uma galera grande para assistir à performance. O grupo trouxe um som diferente pro festival: rap misturado com groove e jazz – que, afinal, é uma das raízes do rap. Era difícil ficar parado com a música que estava tocando. Olhando para os lados, todos estavam se mexendo ao som. Um dos vocalistas, Zilla Sonoro, ainda deixou claro que uma performance de rap não é nada sem o público e pediu para todos participarem. Com só trinta minutos de apresentação, deu vontade de conhecer um pouco mais a banda e suas músicas.

 

##O Terno

O show foi certeiro e apresentou um pouco da qualidade do segundo álbum da banda, homônimo e lançado nesse ano. Só que, como metade do charme d’O Terno vem das letras afiadíssimas do trio, não foram nada legais os momentos em que o áudio estourava e a voz de Tim Bernardes virava só mais uma camada de som. Tirando esses problemas, ficou um show bem maduro e conseguimos entender por que esta é tida como uma das melhores bandas do Brasil hoje.

##Tiê

Em um dos shows mais competidos do festival, a cantora conseguiu cativar a atenção do público ainda mais que os outros artistas durante o Sofar+ Secret Festival – apesar de ser um ambiente propício a distrações, com pessoas passando entre os bares. O palco em si, com as projeções e espelhos, deixaram a experiência ainda mais completa, faziam o show partir já de um outro nível. Pareceu ainda mais curto que as outras apresentações, deixou o tal do “gosto de quero mais”.

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##Holger

O grupo paulistano não fez uma mera apresentação (se é que “mero” se aplica a qualquer show do grupo). O que aconteceu foi a chance de experimentarmos as músicas de seu novo e homônimo álbum, prestes a ser lançado, em primeira mão. Assim como Café Preto, as novas músicas expandem o som a banda para direções ainda mais legais. Além de tudo, o momento ali reforçou a cara de festa que ficou na memória de quem ficou até o fim no festival.

##Charlie e os Marretas

Uma dasa grandes revelações na música de São Paulo em 2014, o grupo de Funk conseguiu (apesar de um inexplicável atraso) fechar a noite no clima mais festivo possível, com todo mundo ou dançando, ou paralisado pela alta qualidade do som da banda, com direito até a bis. O encerramento ideal para um dia memorável.

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Com o clima perfeito para um festival (pessoal tranquilo, ambiente bacana, exposição de artes e exibição de curta-metragens), ficou evidente que já não vemos a hora de um próximo Sofar+ Secret Festival. Não saber a programação abre a experiência de se entregar à música e acaba sendo um mero detalhe em um dia tão agradável e rico em entretenimento e inspiração. Pode confiar.

Curta mais de: Phill Veras | O Terno | Tiê | Holger | Charlie e os Marretas

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