Entrevista: Silva

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“Poxa, vocês estão com a gente desde o começo”, falou Silva ao final deste pequeno bate-papo pelos bastidores do último Music Video Festival – uma frase que ele sempre comenta sobre o Música Pavê. O que Lúcio não sabe é que, do lado de cá, há o mesmo senso de acompanhamento, tendo ele uma das carreiras que pudermos ver nascer de perto e observar mudanças e crescimentos com o passar do tempo, o que acabou sendo o tema central desta entrevista, mais ainda do que videoclipes.

Coincidentemente, esse foi o mesmo assunto do debate no m-v-f- ao lado do diretor William Sossai. Quem conhece Silva, seja há dois, quatro ou cinco anos, sabe que sua carreira está hoje em um lugar muito diferente de onde começou – não só pelo seu alcance, mas também pela própria estética trabalhada.

Depois disso ser muito debatido através das resenhas de clipes e discos, ou mesmo em rodas de amigos, chegou a hora do site ouvir de sua própria boca como ele enxerga isso tudo e qual o papel do formato vídeo nessa sua jornada.

Música Pavê: Você lançou Eu Sempre Quis direto em clipe, algo que você  nunca tinha feito antes. Essa estratégia, por si só, já demonstrava uma nova fase em sua carreira?

Silva: Eu acho que uma fase mais “organizada”. Eu já tinha desde 2012 um contrato [com o selo slap], algo mais como um trabalho mesmo. Júpiter foi um disco que eu pude pensar nele assim desde o começo, o nome e tal, foi um disco feito no meio da turnê do Vista pro Mar, uma outra dinâmica. Então, deu para pensar nessas coisas com antecedência. Antes, eu só conseguia ter grana para um clipe depois, não me preparava financeiramente para aquilo. Acho que nem foi uma mudança brusca na forma de fazer, mas encarar isso como a minha vida agora e conseguir planejar tudo. Acho que isso influenciou muito esse projeto inteiro.

MP: Vamos pensar em sua videografia como um arco, de A Visita até Feliz e Ponto. Na sua leitura, qual é a principal diferença entre esses dois pontos?

Silva: Cara, a diferença é que A Visita foi um clipe que caiu na minha mão. Eu não tinha gravadora ainda, surgiu a oportunidade, e eu não tive controle nenhum sobre a produção, nenhum envolvimento. Confesso que eu não sou um cara visual, eu sou um cara da música, eu não penso “ah, quero fazer um clipe assim, usar uma roupa assim” – eu sou zero isso. Mas eu fui aprendendo a olhar para essas coisas e gostar, achar coisas que me identificava, como expressar aquilo em vídeo. Antes, o diretor me passava a ideia, eu aprovava e pronto. O Feliz e Ponto já foi um clipe em que eu participei desde a ideia de querer me expor desse jeito em todos os detalhes, de escolher atores, escolher quem vai dirigir, como vai ser… A diferença é esse envolvimento.

MP: E o que tem a ver essa exposição que você mencionou com o momento da carreira em que você  está?

Silva: Acho que não é nem um momento de carreira, é um momento pessoal. Eu tenho 28, eu comecei quando tinha 23. Depois dos 25, acho que a gente muda muito, acaba revendo muito seus conceitos, acaba achando ridículo algumas coisas que você fazia quando era mais novo, fica mais seguro e, sinceramente, ligando o “foda-se” pra muita coisa, “eu não vou ficar ligando pra isso”. Acho que isso acaba refletindo também na minha música, não me preocupar tanto com o meio, com o que a crítica vai falar. “Pô, to com vontade de fazer uma música que fala de amor abertamente, vou fazer”. Acho que é isso.

MP: E como você percebe as diferentes respostas que recebe a cada lançamento de videoclipe?

Silva: É interessante, porque tem uma coisa que eu gosto no meu trabalho, que eu não aboli, que é uma forma de me expressar muito etérea… Acho que Sigur Rós marcou muito minha vida (risos), essas bandas mais “céu”. Mas aí, eu comecei a fazer uma coisa mais “pele”, sabe? Ao invés de te mandar pro espaço, algo que te joga para outras pessoas. Acho que os clipes foram quebrando isso aos poucos, como experimentos. Fui ficando mais à vontade com a câmera, de não sofrer tanto com como eu sofria, de realmente gostar dessa exposição – que é uma exposição grande.

MP: Pensando novamente no arco, a gente sabe que, querendo ou não, quando você está em cima do palco ou em um vídeo, você assume uma “persona”, além de uma pessoa. Quanto você tem controle sobre isso?

Silva: Acho que eu era completamente cru no começo, eu nunca nem tinha cantado em bar, não tinha experiência de frontman. Quando assinei contrato com gravadora, era uma reunião naquela mesa com quinze pessoas, você vê que é mesmo um artista, que tem gente investindo dinheiro em você… não sei, eram coisas diferentes, o Silva e o Lúcio eram coisas muito diferentes. Acho que hoje é a mesma pessoa, eu consigo ser bem natural nas coisas que eu faço, perdendo o medo do público, gostando do contato com as pessoas.

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