Entrevista: Milkee

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Milkee faz som urbano, e faz muito bem. A artista paulistana passou anos criando e testanto sonoridades em casa, unindo referências que vão do “hip hop e trap ao trip hop e pop”.

Sinto, seu primeiro clipe, é resultado do trabalho em conjunto com Pedro Dash na produção musical e Rafael Kent na direção visual. Os três juntos colocam ideias autorais em prática, sem medo de explorar e arriscar. Nessa entrevista ao Música Pavê, Milkee conta sobre o processo de criação, influências e paixões, como a atuação, por exemplo.

Música Pavê: Prestando atenção no seu som, dá pra perceber algo muito urbano (e natural, se tratando de São Paulo). A sua referência na música vem daí, ou se vem de alguém, de alguma situação?

Milkee: Eu nasci e cresci em São Paulo e sempre adorei essa correria urbana. Acho incrível como tem sempre mil coisas acontecendo simultaneamente, e que o lugar se transforma a cada minuto. Com uns 12 anos, eu descobri Eminem através de uma amiga e de cara me apaixonei pelo som. Na época não entendia o que ele cantava, mas a forma como ele se expressava no flow e nas melodias me ajudava a lidar com as frustrações da adolescência. Hoje, me incomodo com algumas letras, ele solta muita pala machista e homofóbica. Um tempo depois, fiz intercâmbio em Nova York e descobri muita coisa boa no Rap, Hiphop, Blues, Jazz, Eletrônico… Como diria Alicia Keys, “as luzes de New York te inspiram”, e foi quando comecei a escrever minhas letras.

Música Pavê: Quanto tempo demorou pra esse projeto ficar pronto, desde quando a ideia foi surgindo?

Milkee: Ainda não fiz um álbum, apenas singles. Não tenho material suficiente na rua, sabe? Fora que o público hoje é ansioso, novas sonoridades surgem a cada dia e a nossa ideia é justamente explorar essas novidades nas músicas, e lançar o mais rápido possível, assim a galera consegue ouvir quase que imediatamente após o som ter saído do estúdio. Quero ter um disco um dia, preferencialmente prensado em vinil. Seria mara! A ideia pra esse trampo existe há uns seis anos. Eu escrevia em casa, mas não conseguia gravar porque era muito caro. Até que há um ano e meio conheci os meninos, Pedro Dash e Rafael Kent, e começamos a viabilizar o projeto juntos.

Música Pavê: Você tem influência de outras mulheres que estão na música de uma maneira mais “solo” e tem se tornado cada vez mais fortes nos últimos anos? 

Milkee: Com certeza! São minha maior inspiração! Quando pequena, eu era muito fã de Christina Aguilera, Mariah Carey… Ficava tentando cantar que nem elas (risos). Hoje em dia é muito mais legal porque vemos as minas criando espaço em todos os estilos. Curto bastante o som da Karol Conka, da Rihanna. Admiro tudo que a Anitta vem conquistando com sua determinação, ela tem feito sons bem bons também. O Brasil nunca antes viu uma estrela Pop, a Anitta tem esse mérito. Hoje vemos as minas escrevendo som, fazendo EP, mixtape, se virando como dá, botando música na rua, criando seu público… Tudo muitas vezes sem incentivo algum. Já estamos finalmente conquistando a produção musical também!

Música Pavê: Há quanto tempo você começou a carreira? 

Milkee: A carreira profissionalmente mesmo começou há quatro meses quando lançamos o primeiro single no YouTube, mas tem muita história antes disso. Comecei como atriz. Aos sete anos já fazia aula de teatro. Com 22, fiz meu primeiro musical, e foi muito bacana porque eu pude unir as duas paixões – atuar e cantar. Minha mãe é cantora de ópera, então sempre tive o drama e o canto muito presentes (risos). Há uns anos, atuei na série Sessão de Terapia, no papel da Tati. Foi uma experiência bem bacana. Mas, como falei, planejo esse projeto de som há seis anos e agora estou finalmente realizando. Há uns três anos, conheci um produtor muito talentoso aqui de SP, o Devasto. Ele produz muito Rap, Trap, é true pra caramba. A gente fez uns sons juntos e foi com ele que eu realmente comecei. Nosso trampo juntos que alavancou tudo. Pena que nunca tivemos a oportunidade de lançar aquelas músicas. Salve, Devasto!

Música Pavê: Como é a criação das músicas? É um trabalho coletivo ou individual?

Milkee: Depende. Algumas eu escrevo em casa e levo já com letra e melodia pro Dash criar o beat em cima. Outras ele faz um beat e me manda pra eu compor. Às vezes escrevo junto com minha namorada, a Dizzy. Mas o processo que mais curto é quando estamos juntos, eu e o Dash no estúdio, e começamos a criar do zero. Ele manda algum teclado e começamos a pensar na música. Duas cabeças funcionam melhor que uma, na maioria das vezes.

Música Pavê: Falando sobre o clipe, queria saber qual foi a sua intenção em escolher as cores, os detalhes para que tivesse aquele resultado.

Milkee: O Kent quem leva o crédito pelo clipe. O olhar e a visão são dele, acho ele um gênio com uma câmera na mão. Eu dei opiniões, andei com ele pra escolher locações, dei palpites na edição… mas o responsável pelos detalhes é ele mesmo. Gravamos na casa dele, na Oscar Freire e no Teatro Sérgio Cardoso (valeu, Apaa). Eu ajudei na escolha dos looks junto com o Jairo Billafranca e o Felipe Monteiro do StudioBee e fiz a maquiagem que aprendi com o lindo do Edu Hyde.

Música Pavê: Esse projeto teve a pretensão de criar uma estética íntima ou é algo feito pra que as pessoas se identifiquem, independente da trajetória de cada um? 

Milkee: Na verdade, acho que foi tudo natural. Talvez Sinto seja mais íntima, a música trata de uma situação bem específica. Mas mesmo cada pessoa tendo sua trajetória, espero que muita gente possa se identificar.

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