Entrevista: Club America

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Alguns dizem que a cena indie brasileira perdeu um pouco da visceralidade que tinha entre 2009 e 2013. Outros discordam, acreditam que ainda há muitas bandas surgindo e criando coisas interessantes para o público alternativo tupiniquim. De qualquer maneira, quem um dia já estava no cenário agora também retoma aos palcos com outros ares. É o caso de Club America, dos irmãos Andy e Bruno Alves, que por anos estiveram no trio sorocabano The Name, com o qual se apresentaram em festivais como SXSW, Planeta Terra, CMW e por aí vai. Após alguns anos, eles decidiram colocar em prática um duo mais voltado ao eletrônico, que tempos depois virara um quarteto de eletrorock, se é que podemos rotular desta maneira.

Há dois dias, os sorocabanos embarcaram na primeira turnê nos Estados Unidos, após fechar uma parceria com o selo Sonovibe. Nesta entrevista abaixo, conversamos com o vocalista Andy Alves sobre o término da banda The Name, a volta com Club America e o que o público da cena alternativa pode esperar do novo quarteto brasileiro.

Música Pavê: Vocês vem de uma banda bem conhecida no cenário alternativo (The Name), com a qual chegaram a ter clipes na MTV e Multishow e fizeram até SXSW. Eu sei que vocês já comentaram sobre o fim da banda na época, mas, ao passar já quase dois anos, você sente que foi o melhor a se fazer?

Andy Alves, da banda Club America: Com certeza! Tudo tem um fim, o ciclo do The Name se encerrou ali. Na verdade, nunca estivemos tão felizes com o resultado de um trabalho como com esse disco!

MP: Muita gente acha estranho uma banda em ascensão anunciar o fim das atividades, pra vocês foi natural assumir esta posição de término  na época?

Andy Alves: Foi muito tranquilo! Internamente, a banda já estava “acabada” antes mesmo do Planeta Terra. Como amigos, conversamos numa boa e decidimos que aquilo seria o melhor.

MP: No início, me lembro que a ideia do Club America era ser um duo com o seu irmão. Como esta ideia surgiu?

Andy Alves – A gente não queria parar de tocar e de compor. Assim que o The Name terminou, logo que o ano virou (The Name terminou em Dez/2011), eu e o Bruno nos encontramos e decidimos fazer algo. Ouvimos um monte de música que não tinha sido gravada, ensaiada e tudo mais e decidimos que tínhamos que começar algo. Aí começamos a mexer e acabamos como um duo.

MP: O que levou vocês agregarem novos integrantes? A limitação de um duo pesou?

Andy Alves: Na verdade a limitação de estar apenas em dois nunca nos incomodou. Lógico que mais instrumentos “orgânicos” dá outra cara para a música, mas nunca havíamos pensado nisso. O que aconteceu é que nossas garotas formaram a banda Flip Chicks e eu e o Samuel passamos a nos ver com muita frequência. Já tínhamos estado juntos quando compusemos Can You Dance, Boy (que é uma composição minha e dele), que era parte do set do The Name, então já tínhamos uma afinidade. Um dia, no ensaio das meninas, o Thiago e o Bruno apareceram e, no intervalo do set delas, a gente entrou no estúdio para brincar. Acabamos compondo cinco músicas. Decidimos então fazer um “projeto paralelo” (pois o Thiago e o Samuel tocavam no Tina Thunder) e passamos a pensar nisso junto com os compromissos das duas bandas. Não deu certo, acabamos nos entrosando tanto que decidimos juntar tudo!

MP: Vocês estão com um selo norte-americano, qual a expectativa daqui pra frente de lançamentos e aparições?

Andy Alves: O pessoal da Sonovibe é fantástico! O selo é novo, mas a vontade é enorme. Estamos confiantes de que esse trabalho em conjunto vai gerar coisas legais, com certeza. Já re-lançamos o To Get There lá e agora estamos lançando ao mesmo tempo o Let’s Go Outside tanto lá quanto aqui no Brasil. Estamos bem animados!

MP: Vocês estão indo para os EUA para fazer uma turnê do novo trabalho. Para bandas alternativas, qual é o peso de ter o nome lá fora primeiro do que aqui?

Andy Alves: Sim, ficaremos 15 dias lá nos EUA, passando pela costa oeste, já que o selo nosso é da Califórnia. Achamos que todo o esforço de divulgação é válido, tanto lá quanto aqui. Temos uma inclinação pelos EUA por conta do selo e também por conta de que cantamos em inglês. Mas é mais por uma questão do curso que a banda tomou. Cremos que pode ser bacana para o nosso público daqui o Brasil essas excursões e esse trabalho on exterior.

MP: O que falta para o Brasil ainda valorizar mais os artistas autorais? Não é um descaso generalizado, do artista de MPB ao rock?

Andy Alves: Acho que ainda falta muito. As coisas melhoraram, depois pioraram, depois melhoraram de novo. Mas creio que o principal é o profissionalismo. De todos os lados: do artista, do produtor, do booker, de tudo. Acho que a cena e o cenário como um todo só vão melhorar quando todos da cadeia assumirem o mínimo de profissionalismo com relação ao trabalho.

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