Fotógrafo: Rafael Strabelli (Nação da Música)

muse

Ser fotógrafo de shows não é para qualquer um. É preciso ter muita paciência e uma percepção diferente para se destacar dos tantos outros que existem por aí. Rafael Strabelli consegue não só isso, mas gerencia também um dos melhores sites musicais aqui do Brasil: Nação da Música.

Sua paixão por fotografia surgiu dentro do seu trabalho com o site e, hoje, já tirou fotos de artistas gigantescos. A lista é grande e conta com nomes como Karol Conka, Anitta, Muse, Ivete Sangalo, Maroon 5 e muitos outros. Seus registros captam a energia do artista, nos mostram suas expressões de maneira clara, com cores e luzes bem especificas, e nos imergem para aquele mundinho do show, nos deixando com vontade de estar naquela plateia. Chegar e tirar fotos em um evento é fácil, mas o difícil é exatamente isso: nos transferir para o palco junto do artista.

Rafael falou um pouco ao Música Pavê sobre o seu trabalho, suas fotografias e o jornalismo cultural atual.

 

rael e emicida

nando reis

lianne la havas

Música Pavê: Como você encontrou sua paixão por fotografia? Ela surgiu junto à sua paixão por música?
Rafael Strabelli: Eu comecei por conta da Nação da Música, lá no começo, quando íamos em alguns shows, eu levava uma câmera para fazer umas gravações de entrevistas com as bandas e tal, e, por já estar com o equipamento dentro desse ambiente todo do show e tal, me deu vontade de começar a fotografar. O primeiro que eu fiz isso foi no do Teatro Mágico se não me engano em 2014, na época eles estavam lançando o álbum novo deles e fizeram um show no Espaço das Américas.

MP: Você fundou o Nação da Música e hoje ele é um dos maiores sites sobre o tema. Como foi esse processo de criação? Você sempre quis se envolver com o mundo da música desta maneira?
Rafael: Olha, se eu falar que foi tudo pensado eu vou estar mentindo. A NM começou em parceria com um amigo, que na época tinha bastante conhecimento de programação e tal, e nós montamos um blog pequeno. Eu tinha cerca de 14 anos e, até os 18, quando fechei meu primeiro contrato, era algo mais por diversão, e foi passar a ser um negócio mais sério nesse ponto mesmo. Eu nunca fui ligado ao mundo da música, mas, ao longo desse tempo, eu tive o prazer de encontrar com pessoas que mesmo quando eu era bem novinho, me davam um caminho a ser trilhado e me ajudavam com questões que me fizeram aprender muita coisa. Fui muito feliz nessa parte.

MP: Qual o maior desafio que você encontra quando vai tirar fotos em shows grandes? Existe aquela preocupação para tirar uma foto diferente do resto?
Rafael:Não acho que exista uma preocupação em tirar uma foto diferente dos outros, pois cada click é diferente. Talvez o momento seja o mesmo, mas é aquela coisa, cada fotógrafo tem um estilo diferente, um olhar treinado de forma diferente. O grande desafio mesmo é (pra quem já pegou grade de shows grandes, sabe bem do que estou falando) nós ficarmos apenas três músicas lá na frente para fazer essas fotos, às vezes o artista libera até menos tempo, e isso é o que faz ser uma coisa desafiadora. Não temos autorização para fotografar o show todo na maioria dos casos, diria que em 99% deles. Então, essa limitação faz com que todo mundo sofra um pouco mais com a iluminação por exemplo, que em três músicas só, não varia tanto.

coldplay

rashid

nação zumbi

MP: Você sente que a música que está tocando no show e a energia do público influencia suas fotos?
Rafael: Eu acho que sim, por que é a vibe, é o sentimento do momento tanto do público com o artista, quanto do artista com o público, isso tudo, se for uma troca sincera o click fica ainda mais bonito de ser feito, pois é uma emoção sincera sabe? Então acho que influencia sim. O que a pessoa ou banda que está no palco tá sentindo pelo público é o que vai ser gravado e eternizado em um frame.

MP: O mundo do jornalismo cultural mudou muito conforme os anos foram passando. Sinto que muitos sites estão mais preocupados com likes do que a própria notícia. Focam em dar notícias sobre artistas famosos, e muitas vezes, até focando em fofocas e coisas do tipo, sem uma preocupação em exibir projetos e artista novos. Não é o caso com Nação da Música. Vejo que vocês tentam tocar em todos os assuntos possíveis, o que é muito legal. Qual a sua visão sobre essas mudanças, essa necessidade de likes e como essa era da tecnologia tem mudado o jornalismo cultural?
Rafael: Vou começar dando uma visão nossa que acontece de forma constante. Muitas vezes, por exemplo, shows são confirmados por jornalistas, mas não são confirmados por produtoras ou pela própria banda, e isso pra gente não é uma confirmação de fato, é um boato e tratamos como tal. Damos inclusive no título dessas matérias que é de acordo com um jornalista/jornal/site/revista, não falamos “A banda vem”. Também não exploramos muito o lado pessoal dos músicos, se ele tá curtindo na praia, se ele tá, sei lá, andando pela rua. Até chegam muitas pautas assim no nosso radar, mas não julgamos como relevante. Nosso site prioriza a música, o lado pessoal só entra quando influencia diretamente no musical, como o falecimento de alguém, ou quando o músico está doente, sendo processado por plágio, dentre outras coisas. Mas não julgo quem corre por outros caminhos, acho que são questões de princípios, sabe? A gente tem isso demarcado desde sempre na NM, nós falamos sobre música e ponto, não ficamos buscando coisas além disso só pra gerar acessos. Quem faz diferente disso, eu também não vejo como errado, único erro que eu como leitor assim como qualquer um abre o Facebook todo dia pra acompanhar as coisas que estão acontecendo, é que alguns colocam no título uma informação sensacionalista e você abre pra ler e o contexto é totalmente diferente. Isso é frustrante, mas até nesses casos eu acho que o que vale são os princípios mesmo de cada um dos veículos, porque nesses casos o que está em jogo é a credibilidade.

MP: Existe alguma banda ou artista que você sonha em fotografar? Se sim, porque essa banda especifica?
Rafael: Olha, vou te falar que eu não fico pensando muito nisso. Eu tenho vontade de fotografar bandas que eu curto pra caramba, como Foo Fighters, U2, AC/DC e tal, mas, ao mesmo tempo, eu tenho o costume de ir à shows que não são o estilo da Nação da Música, e também não são o meu estilo, mas vou mesmo assim por que vivo me surpreendendo com o ao vivo das bandas, sabe? Aí eu acabo abraçando o mundo nesse quesito. É legal fotografar quem você gosta, é sim, pra caramba, mas muitas vezes os shows que você não gosta podem render clicks muito mais legais. Então, não sei dizer ao certo mais (risos). No começo, até seria mais fácil. Hoje em dia, por ir em tanta coisa tão variada, eu não sei dizer, por que realmente eu vivo me surpreendendo.

teatro mágico

medulla

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