The Carters (Beyoncé + Jay-Z) – Apes**t
Uma das funções dos museus, galerias e afins é a de legitimizar a arte. Ou seja, ter um item exposto no lugar lhe confere a condição de uma obra aceita e merecedora de atenção. Não que Beyoncé e Jay-Z já não tenham nossa consideração, mas o clipe Apes**t – assim como todo o álbum Everything Is Love – parece tentar criar mais raízes em nosso imaginário no que se refere à importância dos dois na indústria cultural e na cultura pop como um todo hoje e nos últimos anos, seja como negros, como celebridades, como pessoas mesmo e, principalmente, como artistas.
Gravado no mais conhecido museu do mundo (Louvre, em Paris), o duo The Carters aparece não só em frente ao também mais famoso quadro da história (Monalisa) como em meio àquelas obras que hoje entendemos como referências de suas épocas. Ao lado disso, há o simbolismo nada discreto dos pretos tomando o espaço dominado pela visão de mundo eurocêntrica, que retrata, inclusive, cenas protagonizadas por pessoas brancas quando, na verdade, aconteceram em suas devidas etnias. A dança tipicamente originária da África toma conta das escadarias e corredores, até o momento quando, do lado de fora, vários outros figurantes aparecem prontos para ocupar o local.
A direção de Ricky Saiz priorizou os planos frontais, que captaram a suntuosidade do local, assim como a dimensão dos quadros. O estilo parece pegar emprestado referências do realismo europeu no cinema, sendo o recente Chame-me Pelo Seu Nome o exemplo influente mais recente – principalmente na retratação das obras de arte de maneira dramática. Ao todo, é um videoclipe que entra para a história como o lançamento que anunciou o disco surpresa, assim como um marco na carreira de ambos os artistas em uma produção que dá conta de atingir o nível de importância que se propõe a ter.
Avaliação MP: 5/5
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