Placebo – Too Many Friends

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Too Many Friends, clipe do Placebo, mostra o outro lado da revolução tecnológica, rendendo uma boa música vista por uma bela estética

Um dos objetos mais recorrentes da nossa contemporaneidade se chama celular. Se antes usávamos somente para a fala, ultimamente, fica difícil explicar para o que não utilizamos. As suas funcionalidades foram além e se tornaram um processador portátil capaz de substituir um computador. Nada de novo no diagnóstico, porém, com Too Many Friends, a banda relembra o outro lado da evolução tecnológica, reforçando o coro dos descontentes, que poderia ser resumido na frase: cada vez mais conectado na rede, cada vez menos presente na vida.

O videoclipe que integra o novo álbum, Loud Like Love, nos lembra de como se tornou habitual nos depararmos com a combinação lugares lotados + pessoas na frente dos celulares. Parece bobagem, mas experimente perceber o que ocorre ao seu redor, em diferentes ambientes, a máxima se repete, indivíduos próximos em corpo, mas distantes socialmente. Mesmo que uma conversa ensaie rolar, veremos que existem intervalos em que o estimulo para verificar se tem alguma novidade no aparelho, ocorre quase naturalmente, beirando ao automático.

As imagens no clipe representam bem essa perspectiva: Numa narrativa futurista, os indivíduos não se comunicam, são rotulados e de acordo com cada ação realizada, surge uma legenda explicando o que estão fazendo, como se não passassem de meros aplicativos.

Além disto, os versos cantados pelo vocalista Brian Molko nunca fizeram tanto sentido quanto as cenas distribuídas ao longo do clipe, dando amplitude também para o que vivemos: “I got many friends, too many people, that I”ll never meet, and I’ll never be there for, I’ll never be there for, cause I never be there”.

Tantos “amigos” conectados, mostrando que o percentual realmente é pouco quando comparado a quantidade de amizades cultivadas fora da rede. E adicionar uma pessoa com quem encontrou somente uma vez e desde então nunca mais viu não vale nessa apuração. Contudo, longe da visão apocalíptica da questão, o registro é bonito, porque mostra uma sensibilidade ímpar, que faz bem ao olho e ao ouvido, para que no final, realmente a pergunta que ecoa além do vídeo: Afinal, o que aconteceu?

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