A missão era uma que Justin Bieber saberia cumprir: Emplacar o primeiro grande hit de 2020, lançado antes do novo ano completar uma semana no ar. E todos os olhos se voltaram para o cantor canadense com este lançamento, mas não pelos motivos planejados.
Yummy, a música, é uma daquelas canções feitas no “piloto automático” com base no que o pop desta virada de década oferece – um quê de trap, batidas que flertam com o minimalismo e estrutura com mais de um refrão. Não por seguir a fórmula, mas a música é um tiro no pé por ser tão calcada na autoconfiança de que daria certo, o que a tornou uma verdadeira celebração da mediocridade.
Seu videoclipe, dirigido por Bardia Zeinali, segue a proposta e se inspira na figura de linguagem da faixa, que descreve a “delícia” que é a garota como se falasse de comida (o que o brasileiro já domina há décadas com o conceito de “gostosa”). Para isso, Justin é visto em um restaurante experimentando diversos pratos em meio a figurantes que o deixam mais bonito, com a previsível obrigatoriedade de uma cena de dança quando ele tira a blusa.
A direção de arte é, de longe, a melhor parte da produção, brincando com referências kitsch – do figurino ao que é servido à mesa – e criando um universo próprio (e mal aproveitado pela câmera, que se concentra no cantor e em sua vaidade). O uso lúdico e infantil do rosa coloca Yummy em paralelo com o que Katy Perry fez em California Gurls (lançado, pasmem, há quase dez anos). Mas se ela entrou para a história da música pop com seu hit, Justin pode ter seu declínio declarado com a nova música, que fez com quem mal respeitasse o cantor conseguisse perder o mínimo de curiosidade em sua obra daqui para frente.