Julia Mestre – Sou Fera

No videoclipe do single Sou Fera, a cantora e compositora Julia Mestre segue uma estrada que a leva ao encontro fortuito com uma mestre, guia quase-espiritual para uma essência felina buscada pela artista. O sentido de urgência que canta “Já, já, tem que ser pra já!” é sintoma da fera ferida, que quer fazer da mansidão pessoal um rugido. 

O clipe retrata um processo de composição da Julia, que, na solitária direção de um Uno vermelho frágil que a deixa na mão, manifesta uma sofrida e difícil tentativa de chegar a um destino, ou, a uma música ideal. O caminho irregular e incerto que se segue a expande nas ideias, rumo à força e vitalidade da fera que ela explora. Por meio das luzes coloridas, das roupas sem uma lógica específica, dos sorrisos, das danças, e do ambiente praticamente ilimitado da natureza, os anos 1980 reverberam em uma fotografia e montagem dinâmica, representando em cenas o ápice da criatividade de Julia sendo desenvolvido. 

Tal construção reflete uma expressão possível da arte, mas traz também em questão quais as possibilidades de manifestação visual desse momento transcendental em que os compositores se aportam.

De direção de Mauad, e roteiro de Julia Mestre e Vitor Sawaf, o videoclipe de Sou Fera é feito por meio de um aproveitamento da liberdade criativa do ambiente, e do entorno brasileiro que vai muito além do perímetro urbano onde, a princípio, parece circular a música. A importante personagem de Marielle Loyola, a guia quase-espiritual de Julia, é uma artista de mais idade que ela, o que coloca também em cena a influência das gerações passadas na sua obra, as essências felinas que circulam no seu som.

Avaliação MP:  4/5  

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