James Blake – Retrograde
Há uma certa urgência na voz de James Blake. Sempre me parece que ele canta pra não estar sozinho – não que a música lhe faça companhia, mas seus versos gritam por socorro, atenção ou carinho, ou os três, em meio à sua timidez. Talvez, de todos os medos de uma pessoa introvertida, o da solidão seja o mais difícil de se lidar.
Retrograde, a primeira música que foi lançada de seu segundo álbum, tem muito disso. Da sua abertura com “You’re on your own in a world you’ve grown” ao refrão com “and your friends are gone, and your friends won’t come”, Blake canta e nos conta que teme estar só.
Martin de Thurah foi quem comandou o videoclipe, gravado em locações próximas a Copenhague no dia anterior em que (dizem que) os maias previam que o mundo acabaria. Por mais distante que fosse a possibilidade disso acontecer, foi uma data em que muitos pararam para pensar como seria não viver mais – e não viver mais ao lado de quem se ama.
A queda de um meteoro é o que desencadeia a trama, que lida sensivelmente com a solidão e o medo por entre paisagens e cenários silenciosos, preenchidos pelos poderosos graves característicos do músico que constratam com sua triste voz.
O que mais surpreende é o envolvimento emocional que a ambientação de ficção-científica consegue causar no espectador, mesmo que quase não vejamos o rosto da protagonista – mostrada aqui em um paralelo interessante entre uma motoqueira e uma astronauta, como alguém que retorna a um mundo (ou a um relacionamento) ao qual não mais pertence.
Avaliação MP: 4.5/5
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