Brisa Flow – Rosas Brancas

A cantora, rapper, musicista e ativista Brisa Flow cria no videoclipe de Rosas Brancas um templo para ecoar seu canto, que é também um rezo. Seu figurino de muitas camadas multiplica a força visual da mata por meio das suas texturas, que lembram folhas, e o contraste com a luz, que surge por trás da artista, transparece um realce na sua silhueta que a transforma em parte da sua própria espiritualidade. As rosas brancas e elementos que sintonizam a natureza no cenário refletem um poder que vai além da imagem, e além da beleza que aparenta criar.
O uso de uma iluminação baixa, a brincadeira com os feixes de luzes, o foco da câmera mais aproximada em Brisa e nos objetos que fazem parte do seu ritual próprio compartilham o intento intimista, o conforto que suas palavras chamam, mas também convidam a ultrapassar a materialidade do clipe. Foco para o momento em que o Maracá e a flauta que a artista toca ao final cortam a música e o aparente desenrolar do videoclipe, e recebem a atenção para seu som próprio, revelando o poder que os instrumentos têm para a expressão do mundo indígena.
A direção do clipe de Brisa Flow e Amangelo Prateado e a direção criativa de Gabrelú se constroem sob um trabalho estético belo, mas o canto da artista reflete mais do que um romantizar dele, dizem também sobre a dor e a luta, que, como Brisa afirmou: “Como as nossas mais velhas dizem, não há nada de romântico em nosso canto. Ele é rezo e ele é dor. Ele é ritual ele é luta”.
Avaliação MP: 3.5/5